Será que dormir demais pode trazer problemas?
Gabrielle Ramos Venceslau
Dormir por mais horas ocasionalmente é normal, afinal, passar a madrugada acordado pode fazer as pessoas dormirem mais no dia seguinte. Ou seja, ter dias mais cansativos que outros não é um problema. Contudo, se essa sonolência ultrapassar a normalidade e for rotineira é possível que a explicação para isto seja um distúrbio do sono conhecido como hipersonia.
O especialista em sono, Leonardo Rodrigues, que trabalha com vendas e análises de colchões terapêuticos, adverte que “o excesso de sono é um sinal de alerta de perigo”. Por isso, é necessário ficar atento e procurar um médico quando alguém estiver dormindo mais que o recomendado para a faixa etária.
A recomendação de sono não é precisa, mas pode dar uma base do que seria necessário. Confira:
- Recém-nascidos: 16-18 horas.
- Bebê de 4 a 11 meses: 12-15 horas.
- Crianças de um a cinco anos: 10 a 14 horas
- Crianças e adolescentes de seis a 13 anos: 9 a 11 horas
- Adolescentes de 14 a 17 anos: 8 a 10 horas
- Adultos: 7 a 9 horas
- Idosos: 7 a 8 horas.
Hipersonia: o que é e quais as causas?
De acordo com o estudo “Relação entre cronótipo e ansiedade em estudantes universitários”, publicado pela Brazilian Journal of Health Review, “a sonolência é uma função biológica, definida como uma probabilidade aumentada para dormir”. Contudo, quando a sonolência acontece de forma excessiva em período anormal do dia ou quando vem acompanhada de mudança de humor e fadiga, afetando a rotina diária do indivíduo é motivo de preocupação.
Na maioria das vezes, esses sintomas estão relacionados com um um distúrbio do sono conhecido como hipersonia e estão ligados à ansiedade, depressão ou outros transtornos psiquiátricos. De acordo com o estudo, “em um levantamento de várias cidades americanas, 40% dos entrevistados relataram insônia e 46,5% dos que relataram hipersonia preenchiam os critérios para doença mental segundo o DSMIII-R [Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais]”.
Segundo o artigo “Sonolência excessiva”, publicado na Revista Brasileira de Psiquiatria em 2005, dentre as principais causas para essa sonolência excessiva estão a privação crônica de sono, a Síndrome da Apnéia e Hipopnéia Obstrutiva do Sono (SAHOS), a narcolepsia, a Síndrome das Pernas Inquietas/Movimentos Periódicos de Membros (SPI/MPM), Distúrbios do Ritmo Circadiano, uso de drogas e medicações.
Quando se preocupar?
Segundo o artigo, o principal sintoma da hipersonia é a sonolência fora do normal durante o dia, podendo estender-se por longos períodos de sono à noite. Mas para realizar o diagnóstico correto é preciso levar outros sintomas em consideração, como falta de energia, raciocínio lento e lapsos de memória.
Dessa forma, deve-se procurar um especialista qualificado para realizar o diagnóstico. “Alguns procedimentos podem ser utilizados para a investigação adequada da sonolência excessiva (SE), entre eles: avaliação clínica, diário de sono, medidas subjetivas e objetivas”, afirma o artigo.
Dentre as consequências, estão o prejuízo no desempenho nos estudos, no trabalho, nas relações familiares e sociais, alterações neuropsicológicas e cognitivas e risco aumentado de acidentes. Por isso, cada caso requer um tratamento específico para tratar a quantidade inadequada de sono com medidas de higiene do sono ou medidas gerais como perda de peso, evitar álcool e sedativos, dentre outros.