Investimento na educação básica é três vezes menor que na educação superior

In Economia, Educação, Geral

O gasto por aluno no Brasil é o 3º pior entre 42º países. 

Lana Bianchessi

O Brasil investe cerca de R$17,7 mil por aluno ao ano, levando em conta todos os investimentos na educação pública, divididos pelo número de matrículas do ensino fundamental ao médio. Pode parecer um número alto, mas entre 42 países é o terceiro número mais baixo, ficando na frente do México, que gasta 2.702 dólares, e da África do Sul (3.085 dólares), somente. 

Esses dados são de um relatório produzido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A organização contabiliza os investimentos em dólares. No relatório, a média de investimento dos países é de 10.949 dólares. Os países que ficam no topo do ranking de investimento na educação básica por aluno são Luxemburgo, com 26.370 dólares, Suíça, que investe 17.333 dólares e Bélgica, 16.501 dólares. Assim, é possível ver a diferença entre os primeiros três colocados e os últimos. 

Quais as dificuldades da educação básica?

Segundo o relatório, existem desafios na educação básica até mesmo entre os mais desenvolvidos, como fazer a integração da escola regular com a prática. Em média, apenas 45% de todos os estudantes de educação profissionalizante do ensino médio superior estão matriculados em programas práticos em toda a OCDE. 

Ou seja, os estudantes não são incentivados a estudar num curso profissionalizante, que pode ajudá-los a entrar no mercado de trabalho mais rápido e ter uma qualidade de ensino melhorada com um estudo secundário. 

Existe também a dificuldade de integrar crianças na pré-escola. Mais de 425 mil crianças entre quatro e cinco anos estão fora da pré-escola, mesmo sendo obrigatória a frequência para a faixa-etária. Quase metade dos motivos que esses alunos não vão à pré-escola são a ausência ou a distância das unidades de ensino e a falta de vagas, impedindo 42% dessas crianças de acessar a educação primária.

Com isso, as crianças não evoluem para o próximo nível de escolaridade e atrasam o desenvolvimento delas. Os dados são do “Todos Pela Educação”, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua) e considera escolas públicas, privadas e conveniadas. 

Como isso afeta os estudantes?

Estando entre os países com a verba mais baixa destinada ao aluno da educação básica, claramente quem sai mais prejudicado vão ser os alunos que se encontram nessa posição.

O aluno Theo de Lima Guerra cursa o terceiro ano do ensino médio e conta que a escola que ele estuda necessita de apoio em auditórios, aulas práticas envolvendo educação física e as matérias de física, filosofia e sociologia estão sendo prejudicadas. “O problema, além da falta de professores qualificados, é a carga horária minúscula e a pouca importância que dão para isso”, relata. 

Sua professora, Maria Ivone Gama Pereira Pacheco, atua na rede pública desde 1993 e explica que na cidade em que eles moram faz muito calor e sem investimento é inviável aplicar conteúdos. “É humanamente impossível aprender numa sala de 50 pessoas sem ar condicionado que de fato funcione”, afirma. 

Maria Ivone ainda diz que a escola não tem computadores suficientes para suprir as demandas dos estudantes. “Os computadores ajudariam muito na agilidade de produção de pesquisa dos alunos, sem contar o horizonte de aprendizado e oportunidades que isso traria para os discentes”, ressalta a professora. 

Gabriel Gruber é professor em uma escola estadual de tempo integral e alerta que é escandaloso a necessidade de mais verba para materiais, salários e melhores estruturas, mas que isso está longe de ser o mais gritante. “Precisamos também de um currículo novo. Uma das principais necessidades é a formação do funcionário público estadual e municipal que atende o ensino, de lidar com as mudanças contemporâneas relacionadas com problemas de classe, raça e gênero”, argumenta o professor. 

“Todo investimento público na educação atualmente será pouco, porque o valor que a educação possui nunca será medido e nem mensurado”, conclui Gabriel.

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