Conhecido como dia roxo (purple day), data chama atenção do mundo para a doença que afeta mais de 50 milhões de pessoas pelo mundo.
Davi Sousa
O dia 26 de março, desde 2008, é marcado pela celebração da conscientização da epilepsia ao redor do mundo. Na data, as pessoas são convidadas a usar a cor roxa, visando aumentar a visibilidade da doença. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 2% da população brasileira e cerca de 50 milhões de pessoas no mundo são acometidos pela condição.
Segundo a Biblioteca Nacional de Saúde, a epilepsia é caracterizada por uma emissão de sinais, descargas e impulsos incorretos emitidos pelos neurônios, células pertencentes ao cérebro. Podem ser causadas por lesão no crânio, infecções como meningite, abuso de álcool e drogas ou até mesmo complicações durante o parto. Em muitos casos, não é possível definir as causas que deram origem à doença.
Durante uma crise convulsiva, o paciente pode cair no chão e se debater, apresentando contrações nos músculos no corpo inteiro, se ferir com os dentes a língua, ter salivação intensa e respiração ofegante. Vale lembrar que nem todos os pacientes possuem essa combinação de sintomas por completo. Em sua maioria, as crises epilépticas não são previsíveis e necessitam de apoio de quem presencia, principalmente para assegurar a segurança do/a epilético/a. Além disso, pacientes também podem apresentar sintomas não convulsivos, como alterações sensoriais, de percepção e comportamentais.
No geral, é uma condição bastante comum, afetando diversos indivíduos com idades totalmente diferentes, desde crianças a adultos.
Diagnóstico da doença
Há algumas formas de se diagnosticar a doença. A mais comum é a avaliação do paciente a partir de uma consulta feita pelo neurologista com base nos sintomas apresentados em uma crise convulsiva, no histórico clínico e através do exame físico em que o médico avalia habilidades motoras, comportamentais e funções mentais.
Um dos exames mais populares para a detecção de Epilepsia é o Eletroencefalograma (EEG) De acordo com o Hospital Israelita Albert Einstein, o EEG detecta “atividade elétrica cerebral espontânea”, presente em todos nós. Ao verificar se há alterações, o especialista pode realizar diagnóstico de epilepsia.
Para determinar a causa das convulsões, o médico também pode solicitar exames de sangue. Eles servem para detectar a presença de infecções, doenças genéticas ou outras condições como a diabetes, que podem estar ligadas a convulsões. Além disso, exames como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética avaliam a atividade cerebral ou anormalidades no cérebro.
Tratamento eficaz
A maioria das pessoas com epilepsia tem suas crises controladas pelo uso de medicamentos específicos e acompanhamento médico. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece ampla gama de tratamentos de forma gratuita. Esses pacientes podem ter uma vida normal, com pouca ou nenhuma limitação.
Um diagnóstico correto permite que o paciente passe por um tratamento mais efetivo e tenha melhor qualidade de vida. É ideal realizar acompanhamento médico contínuo a fim de receber uma intervenção eficaz e que funcione de forma individualizada.
O neurologista Eduardo Leal explica que o controle das crises é realizado pelo uso de remédios que diminuem a reação exagerada dos neurônios. “A melhor forma de realizar o tratamento é primeiro aceitar as suas limitações. O Brasil hoje distribui tratamento gratuito para as crises que podem até ser controladas, e 70% das pessoas hoje que têm epilepsia vivem normalmente com quadros estabilizados, o que é otimista para pessoas que convivem com a doença”, explica.
A professora de português Luciane Dias, de 36 anos, foi diagnosticada com a condição por volta dos 18 anos após receber um diagnóstico de traumatismo craniano. No início da doença passou por situações desagradáveis, mas hoje lida bem com a doença.
“Quando recebi o diagnóstico da doença foi um baque para toda minha família, pois junto dela veio diversas limitações, mas com o tempo, com os medicamentos e tratamentos intensivos, fui levando a vida de uma forma mais leve normalmente’’, comemora.
Como reagir à crise de epilepsia
O doutor Eduardo Leal cita que é necessário estar atento a como proceder durante uma crise epiléptica. Ele destaca que é importante manter a calma e tranquilizar todos ao redor, não jogar água na pessoa durante as crises ou bater em quem está vivendo uma convulsão. Além disso, não se deve colocar o dedo ou colher na boca da pessoa, pois ela realiza movimentos involuntários durante a crise. Previna a queda da pessoa, mas não fique segurando-a ou impedindo seus movimentos.
O médico ainda destaca que, em caso de crise, atitudes como afrouxar as roupas e levantar o queixo facilita a passagem para a respiração. É ideal permanecer ao lado da pessoa até que ela recupere a consciência. Quando a crise passar deixe a pessoa descansar. Se a crise durar mais de cinco minutos, procure ajuda médica.