Dismorfia financeira: a distância entre a realidade e a ilusão

In Economia, Geral, Saúde

O número de inadimplentes no Serasa cresceu cerca de 3% por mês em relação ao ano passado.

Isabella Maciel

A sensação de insegurança financeira é um dos fatores que mais afeta jovens das gerações Z e Millennial. Um estudo da Credit Karma apontou que 43% da Geração Z e 41% dos millennials relatam sofrer de dismorfia financeira, enquanto 48% da Geração Z afirma se sentir financeiramente atrasada. Essa ilusão financeira tem sido reconhecida por economistas como “dismorfia financeira”.

O número de inadimplentes no Serasa cresceu cerca de 3% por mês em relação ao ano passado. Segundo um levantamento da Serasa, 44,79% da população brasileira está inadimplente, e 27,98% dessas dívidas são de cartão de crédito. Especialistas dizem que essa percepção irreal das finanças pode gerar impactos na saúde mental, consequências no equilíbrio financeiro e nas relações pessoais.

O que é?

De acordo com o terapeuta financeiro Joarlei Nepomuceno, a dismorfia financeira é uma percepção distorcida da própria situação financeira. “Isso significa que a pessoa enxerga suas finanças de maneira irrealista, acreditando que está em uma condição financeira muito melhor ou muito pior do que realmente está”, explica.

Embora o termo não tenha respaldo na psicologia, como explica a psicóloga Julia Glinke, o impacto emocional desse comportamento de ilusão financeira é notável. “Se pensarmos num ponto de vista psicológico, podemos considerar uma relação distorcida, mal adaptativa com o dinheiro. Uma relação desadaptativa com as finanças pode trazer impacto na vida emocional e pessoal, para as relações, e para a vida laboral”, frisa.

Sinais

Joarlei explica que existem vários sinais e que eles variam de pessoa para pessoa. Alguns sinais de dismorfia financeira incluem:

  • Comparação constante com os outros, se preocupando com o quanto os outros têm;
  • Gastos excessivos para manter uma imagem de sucesso, mesmo que as finanças não sustentem esse estilo de vida;
  • Economia compulsiva, mesmo quando há dinheiro disponível, por medo constante de falta de recursos;
  • Negação ou exagero da própria situação financeira, seja ignorando dívidas ou vivendo de forma desproporcional à renda.

Como melhorar

Segundo o economista Sandro Gonçalves, a educação financeira é um dos principais remédios contra essa ansiedade e insegurança. “A primeira coisa é já ter o seu orçamento, saber quanto gasta… Isso vai ajudar a espantar a ansiedade. Se eu controlar meus gastos, tenho uma segunda fonte, então isso vai trazer luz à incerteza”, explica.

Na internet, os usuários fazem vídeos brincando com o gasto excessivo e não tratam como se fosse um problema, mas sim uma piada. É comum ver vídeos com comentários como: “gastando como se fosse herdeiro”, “acabou o dinheiro e sobrou o mês”, “oração hoje 23h99 contra a fatura do cartão”.

Joarlei destaca a importância de ferramentas práticas, como o diário financeiro e o acompanhamento profissional, para ajudar a manter uma visão mais clara e realista sobre o estado das finanças pessoais.

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