Inflação, desvalorização do real e fatores climáticos são os responsáveis.
Gabrielle Ramos
Com o Natal se aproximando, diversos itens voltam a ganhar destaque no mercado brasileiro. Entre os mais tradicionais está o panetone, acompanhado por produtos como carnes e frutas específicas. Neste ano, a prévia do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe) projeta que a cesta de Natal fechará o ano com alta de 9,16%.
Por outro lado, uma pesquisa do Mercado Mineiro revelou que, entre 11 panetones avaliados, sete apresentaram redução de preço. Entre eles, destaca-se o da marca Wickbold (400g), cujo valor caiu de R$ 28,31 para R$ 20,99, uma redução de 25,9%.
O que influencia essas tendências
Segundo dados do IPC-Fipe, os principais responsáveis pelo aumento no custo da cesta de Natal deste ano são o azeite de oliva, a carne suína e o suco de laranja. O azeite, por exemplo, apresentou alta de 21,30% na comparação entre novembro deste ano e dezembro de 2023.
A economista Bruna Lourenço explica que a inflação acumulada ao longo do ano, aliada à desvalorização do real frente ao dólar, tem elevado o custo de itens importados, como o azeite de oliva. Além disso, o aumento nos custos de insumos e a alta demanda típica do período natalino reflete no encarecimento de cortes de carne tradicionais para a ceia.
Por outro lado, produtos industrializados como panetones têm custos de matéria-prima mais estáveis e contam com estratégias comerciais bem definidas. Daniel Dante, fundador da Inconvencional, afirma que a redução no preço desses itens pode estar ligada à alta competitividade do mercado e do produto ser amplamente produzido nesta época do ano.
Como economizar
Mais da metade dos brasileiros planeja reduzir os gastos com mercado neste Natal, segundo dados da Pesquisa Proprietário Globo, Comemorações de Fim de Ano. “Esse comportamento pressiona varejistas a realizar estratégias de dinâmicas promocionais”, explica Daniel, que também trabalha com campanhas de Natal para grandes empresas.
Além disso, essa tendência reflete a busca por alternativas que preservem a essência da celebração, mas se ajustem ao orçamento de cada família. “Muitas famílias devem optar por cortes de carne mais econômicos, substituir produtos importados por nacionais e priorizar alimentos mais acessíveis, como frango em vez de peru, ou sobremesas caseiras em vez de panetones de marca”, enfatiza a economista.
Daniel destaca que panetones caseiros agregam valor afetivo à celebração. Mas, marcas conhecidas ainda são preferidas pela praticidade. Para as classes D/E, no entanto, essa opção pode ser arriscada, pois erros na receita podem resultar em desperdício e prejuízo financeiro.
Por isso, Bruna recomenda optar por marcas alternativas ao substituir produtos importados por opções nacionais. Além disso, sugere compras coletivas, pois são uma forma de adquirir itens em maior volume e aproveitar promoções.