Comida é recurso para lidar com problemas emocionais: entenda os riscos

In Geral, Saúde

Pesquisa revela que a maioria dos brasileiros acredita que comida em excesso melhora a saúde mental.

Gabrielle Ramos

Todos os dias as pessoas têm vários sentimentos e pensamentos, os quais influenciam as atitudes e comportamentos delas. Quem nunca assistiu um filme em que os personagens, após o término de um relacionamento, buscam consolo em um pote de sorvete? É nesse sentido que a comida, muitas vezes, é utilizada para diminuir sensações ruins ou até mesmo proporcionar recompensa.

De acordo com uma pesquisa conduzida pelo Instituto Ipec, 64% dos brasileiros concordam que o consumo excessivo de alimentos ajuda a enfrentar a ansiedade e o estresse. No entanto, quando a alimentação é motivada unicamente por emoções, ela se enquadra na categoria “fome emocional”.

Razões para a fome emocional

A psicóloga Beatriz Formes destaca que muitas pessoas recorrem à comida como uma forma de tentar regular seu estado emocional. “Podemos dizer que a comida representa este lugar familiar e de afago, então naturalmente somos levados a usar isso como primeira estratégia para lidarmos quando não nos sentimos bem”.

Além disso, muitas vezes as pessoas consomem alimentos porque estão disponíveis, mesmo sem estarem com fome, como ocorre em eventos sociais, por exemplo. “Uma pergunta que é interessante se fazer é: se essa comida não estivesse disponível ali eu teria vontade de comer? Provavelmente não. Então ali entendemos que não é uma fome física, mas é uma vontade de comer por conta do contexto social”, explica a nutricionista Gi Locatélli.

A nutricionista, que adota a abordagem da terapia nutricional, integrando nutrição, psicologia e psiquiatria para abordar questões alimentares com os pacientes, destaca outra razão para o consumo de alimentos: a influência dos outros. Ela afirma que as pessoas podem agir de certa forma para se integrar ao grupo e participar da socialização, porque todos estão fazendo o mesmo.

Quando isso se torna um risco?

Segundo Gi Locatélli, a fome emocional se divide em cinco estágios, do mais leve até o preocupante. “ O grau um é o ponto mais saudável, quando eu me permito comer com prazer e sem culpa, gerando uma gratificação por comer algo que goste e que agrade os meus sentidos.” 

No estágio anterior, as pessoas geralmente não necessitam de grandes quantidades de comida para se sentirem saciadas. No entanto, no segundo grau, o excesso de comida pode se tornar um problema, pois a pessoa fica mais suscetível às emoções. “Imagina se todas as vezes que eu me sentir frustrado com alguma coisa ou situação do meu dia, eu tenho que buscar esse tipo de estratégia para conseguir me regular emocionalmente, e se eu passar por um dia estressante, quantas vezes terei de comer?”, questiona a psicologia.

Além disso, Beatriz Formes esclarece que recorrer à comida como estratégia de regulação emocional não é eficaz. Isso se deve ao fato de que o efeito é de curta duração; consequentemente, após um breve alívio emocional, a pessoa se encontra novamente em um estado de baixa emocional. Isso pode levar a uma dependência, resultando em consequências prejudiciais para a saúde emocional e até mesmo física.

A terapeuta nutricional adverte que a fome emocional se torna um risco a partir do estágio três, quando o comer é usado como distração de sentimentos desagradáveis. No estágio quatro, a comida é usada para anestesiar os sentimentos, e no último estágio, para autopunição. Nesses casos, as pessoas só param quando estão excessivamente cheias, causando desconforto físico e emocional, pois não encontram prazer na alimentação.

Como resolver o problema

O tratamento abrange várias etapas e procedimentos, adaptados às necessidades individuais de cada pessoa, que são avaliados por um profissional qualificado. “Nós ajudamos a pessoa a diferenciar o que é fome física e o que é essa fome emocional e a identificar quais são os gatilhos do comer emocional, para aprender como gerenciar o emocional”.

Nesse contexto, a psicóloga destaca que quando o comportamento alimentar começa a prejudicar aspectos importantes da vida, é crucial prestar atenção e buscar cuidado. “A fome emocional é apenas um sintoma que devemos avaliar caso a caso, para poder identificarmos a raiz do problema, e assim verificar qual o melhor tratamento para isso”, ressalta.

As especialistas destacam que embora a fome emocional não seja diretamente classificada como um transtorno alimentar, ela pode servir como um precursor para o desenvolvimento de um. Além disso, pode ser um indicativo de outros problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade.

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