Segundo o Imazon, houve uma diminuição de 60% em janeiro, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Gabrielle Venceslau
O desmatamento da floresta amazônica reduziu cerca de 60% em janeiro deste ano, comparado ao mesmo período do ano anterior. Os dados são do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) que já registrou dez meses consecutivos de redução do desmatamento na região.
A área devastada no primeiro mês de 2024 foi de 79 km², equivalente à perda de mais de 250 campos de futebol por dia na floresta. Esses dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do instituto que identifica áreas desmatadas da Amazônia Legal por meio de imagens de satélites.
Áreas mais devastadas
O estado com maior índice de devastação em janeiro deste ano foi Roraima, com 32 km² desflorestados. Essa área representa 40% do total desmatado na Amazônia Legal neste período. “Enquanto os outros estados passam por um período de chuvas, Roraima está com o clima mais seco, o que facilita a prática do desmatamento, assim como a detecção da destruição pelos satélites”, explica Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon, para o G1.
No último sábado (2), a Nasa divulgou imagens que mostram uma densa camada de fumaça sobre Roraima, que pode ter origem nas queimas de pastagens e áreas agrícolas ou desmatamentos florestais. Desde o início do ano, o estado lidera o ranking de focos de calor no Brasil e é responsável por 30% de todos os focos de incêndio do país.
Apesar disso, em 2023, Roraima teve 41 km² de desmatamento, enquanto neste ano houve uma redução significativa de 22%. Mesmo assim, ainda há desafios persistentes na preservação da Amazônia. Dentre eles estão as queimadas, retirada de madeira e espécies de forma irregular e garimpo, ressalta a bióloga Roberta Bonaldo.
Impacto na comunidade local
Dos dez territórios indígenas com maior área desmatada na Amazônia, seis ficam no estado de Roraima. “O bem estar das comunidades locais é diretamente influenciado pelas condições da floresta, pois uma mata bem preservada permite uma melhor qualidade do ar, menos poluição nos rios e maior variedade de recursos”, afirma a bióloga.
Isso é vivenciado por Ediel Guimarães, tuxaua – líder político – da aldeia Tukuxi e coordenador tesoureiro do Conselho Indígena Mura (CIM). “A redução do desmatamento melhora a vida das comunidades indígenas, entretanto, ainda há muito a se fazer para reduzir os impactos, pois a destruição da floresta acontece em minutos ou horas, enquanto a regeneração demora anos e anos”, afirma.
Influência internacional
A Amazônia tem um papel fundamental na absorção de carbono, durante o processo de crescimento das plantas, além de ser importante para a geração de umidade na região e em outras áreas. “É por isso que a pressão internacional certamente influencia na tomada de decisões relacionadas à proteção do bioma”, explica Roberta.
Entretanto, a captação de recursos financeiros no exterior para a conservação deixa a desejar. “Nenhuma ONG fala o quanto ganha em nome da preservação, enquanto muitos não têm em suas aldeias saneamento básico, e ainda colocam em nossa mente que não podemos fazer um pequeno roçado pois estaríamos destruindo o meio ambiente, sendo que isso faz parte da nossa subsistência”, diz o líder indígena.
A pressão internacional para conter o desmatamento na Amazônia contrasta com a insuficiência de recursos financeiros destinados à conservação. Isso mostra a complexidade de conciliar a conservação ambiental com as demandas das comunidades dependentes do bioma para subsistência.