Trabalhos de motorista de aplicativo viram fonte de renda para brasileiros desempregados
Helena Cardoso
A pandemia de Covid-19 provocou a redução de empregos formais no Brasil em 2020, levando trabalhadores a buscarem novas formas de renda, resultando no aumento do trabalho informal. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada em dezembro de 2020, a taxa de pessoas que trabalham com carteira assinada é a menor registrada desde 2012. O levantamento mostrou ainda que o setor informal gerou 2,021 milhões de vagas entre o segundo e o terceiro trimestre.
Caio Ferrari, doutor em Economia, diz que o crescimento de trabalhos como motorista de aplicativo é uma tendência econômica. De acordo com ele, o crescimento do setor se dá pela necessidade dos trabalhadores de obter renda, visto que a ajuda que o governo federal ofereceu foi insuficiente. “Muita gente não foi contemplada com nenhum tipo de auxílio”, afirma. Ferrari acrescenta que esses serviços tendem a aumentar, bem como a taxa de desemprego. “Aumentando o desemprego, a gente aumenta a informalidade”, completa.
Luciano Lima, que começou a trabalhar como motorista de aplicativo em janeiro deste ano, desabafa que a situação está difícil, e que o trabalho informal não está valendo a pena. Ele também diz que a situação do desemprego na pandemia é difícil para todos os trabalhadores, mas principalmente para os informais: “quem está registrado hoje, está garantido, agora quem não está, tem que ir se virando”, acrescenta.
Precarização do trabalho
O economista Caio Ferrari explica que “quando as pessoas precisam trabalhar para sobreviver, elas vão aceitar pior qualidade de trabalho.” Sua fala se refere ao fato de que empregos informais não contam com alguns benefícios que pessoas com carteira assinada possuem, como horas limitadas de trabalho e férias remuneradas. A situação de desemprego atual contribui para a falta de direitos trabalhistas que auxiliem os trabalhadores.