Pesquisa realizada no Japão analisa como os cachorros podem chorar demonstrando emoções positivas.
Julia Viana
Um estudo científico publicado na revista científica Current Biology, do grupo Cell Press, mostra que os olhos do cachorro podem se encher de lágrimas de felicidade quando se reúne com seus tutores após tempo afastado. Segundo o informativo do site SOS Animal, os ductos lacrimais nos cães são localizados na pálpebra junto ao nariz, contribuindo para a drenagem lacrimal que mantém os olhos saudáveis e o nariz úmido.
Este estudo declara que a secreção de lágrimas é mediada pela ocitocina. Demonstrando que esta é a primeira emoção positiva estimulando a secreção lacrimal em um animal e a oxitocina funcionando na secreção lacrimal. Ao contrário de qualquer outro animal, os cães evoluíram ou foram domesticados por meio da comunicação com humanos e ganharam habilidades de comunicação de alto nível com seus donos usando contato visual.
“Nós nunca tínhamos ouvido falar da descoberta de que os animais derramam lágrimas em situações alegres, como se reunir com seus donos. Estamos animados porque este pode ser o primeiro estudo do mundo a provar isso!” disse Kikusui, cujo estudo foi publicado na revista Current Biology.
Para comprovar tal teoria, os pesquisadores mediram a quantidade de lágrimas dos animais sob as pálpebras usando um teste chamado Schirmer, que envolve uma tira de papel na pálpebra dos cães por um minuto antes e depois de se reunirem com seus donos após cinco a sete horas de separação.
Comportamento animal
Com um cão em sua casa Larissa Biano comenta, “não acredito que meu cachorro possa chorar de emoção”. Porém, segundo a pesquisa, os cães supostamente têm habilidades sociocognitivas semelhantes às humanas, o contato visual desempenha um papel fundamental no comportamento de apego em cães. Sendo assim, o contato visual entre cães e seus donos provoca comportamento de cuidado humano.
Larissa ainda nota que depois de muito tempo separado do seu cachorrinho, uma euforia é notada. “Ele fica eufórico demais e demonstra alegria, porém, sem lágrimas,” relata a menina.
Segundo a pesquisa, ao contrário de qualquer outro animal, os cães evoluíram ou foram domesticados por meio da comunicação com humanos e ganharam habilidades de comunicação de alto nível. Porém, a Yasmin Gama, tutora da Lolla de 4 anos, acredita que apenas estímulos como “correr e pular muito, correr em círculos pela casa e depois volta e pular mim choramingando” são os mais comuns para esses animais.
Detalhes da pesquisa
O estudo só pôde ser realizado após o professor japonês Takefumi Kikusui notar que um de seus dois poodles, quando teve filhotes seis anos atrás, ficou com os olhos marejados enquanto ela amamentava-os. Observando-a o professor se questionou se a ocitocina poderia estar causando as lágrimas.
Conhecida como o “hormônio do amor” a ocitocina pode ser liberada em demonstrações de afeto, como durante as interações entre cães e seus donos. Esse hormônio também é liberado durante o trabalho de parto e amamentação, da mesma forma como foi notado na mãe poodle.
Pesquisadores fizeram um comparativo com 20 cães sobre o antes e depois da reunião entre eles, seus donos e pessoas que já estavam familiarizados, para ver a quantidade de lágrimas que cada reencontro gerava. Eles descobriram que apenas o reencontro com o dono pôde aumentar essa quantidade. Os pesquisadores ainda mostraram para 74 pessoas fotos dos cães com e sem lágrimas e pediram para que elas classificassem os animais. O resultado foi reações positivas quando mostrada as fotos dos animais chorando.