Estudo revela que Brasil tem 6 mil casos de câncer de ovário por ano

In Geral, Saúde

Segundo especialistas, a doença é uma das mais prevalentes nas mulheres, ficando atrás apenas do câncer de mama e útero.

Ana Júlia Alem

O Brasil chegou à marca de cerca de 6.000 casos de câncer de ovário por ano, segundo a pesquisa realizada pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA). Os resultados mostram um risco estimado de 6,18 casos para cada 100 mulheres brasileiras. Além disso, dados mundiais disponibilizados pelo New Global Cancer Data mostram que, até 2040, o número de ocorrência e mortes por essa doença aumentará em 42% e 50%, respectivamente.

“Os ovários são dois órgãos femininos que se ligam com as trompas ao útero. O câncer mais comum desses órgãos é o que começa nas células epiteliais, que servem de revestimento dos ovários”, explica o oncologista Bruno Castro. Ele conta que esses tumores são mais comuns em mulheres na menopausa e que o risco de desenvolvimento pode diminuir com o uso de anticoncepcionais.

Todos os anos, no dia 08 de maio, é comemorado mundialmente o Dia Mundial do Câncer de Ovário. Com o objetivo de conscientizar a população sobre a doença, diferentes organizações locais e internacionais se unem para realizar algumas ações. Em 2023, o tema da campanha foi “Nenhuma Mulher Fica Para Trás”. Ela buscou enfatizar a necessidade de conhecimento sobre diagnóstico e tratamentos para todas as mulheres, especialmente para as que residem em países médio e subdesenvolvidos.

Fatores de risco e sintomas do câncer de ovário

De acordo com o oncologista, alguns fatores podem aumentar o risco de incidência do câncer de ovário, tais como: idade (cerca de metade das pacientes têm mais de 60 anos), histórico familiar relacionados ao câncer, infertilidade e excesso de gordura corporal. “Fatores genéticos também podem influenciar. Mutações em genes, como BRCA1 e BRCA2 [genes que produzem proteínas], podem elevar o risco de câncer de mama e de ovário”, afirma.

O médico explica que os sintomas podem variar de mulher para mulher. “Ter sintomas não quer dizer que você, de fato, está com câncer de ovário. Por isso, é fundamental realizar exames de rotina”, informa. Alguns dos sintomas são:

  • Náusea, diarreia e prisão de ventre;
  • Sangramento vaginal anormal;
  • Cansaço e dores musculares;
  • Dores durante atos sexuais;
  • Desejo frequente de urinar;
  • Desconforto abdominal;
  • Aumento de peso;
  • Perda de apetite.

A enfermeira Izabel Teixeira, aos 60 anos de idade, foi diagnosticada com câncer de útero. Ela conta que os sintomas começaram a aparecer em torno de quatro meses antes do diagnóstico. “No começo, eles eram pouco específicos e eu cheguei até a confundi-los com indigestão ou gases. Depois de algum tempo, eu sentia cansaço constante, dores e inchaço no abdômen e na pelve”, relata.

Diagnóstico

Em seu site, o Instituto Nacional do Câncer explica que a detecção precoce da doença é feita por meio de exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos em pessoas que têm sintomas. Para quem não os têm, mas pertence a grupos com maior chance de desenvolver a doença, o rastreamento é feito por meio de exames periódicos. O diagnóstico precoce desse tipo de câncer é possível apenas em alguns casos, já que a doença apresenta os sintomas em fases mais avançadas.

Segundo a organização, não existem métodos 100% eficazes em diagnosticar a doença antecipadamente. Mas, para isso, é fundamental que o médico considere o histórico familiar, exame físico, ultrassom transvaginal e a medida no sangue do marcador tumoral CA-125 do paciente.

O oncologista explica que quando existem suspeitas da doença, o diagnóstico é feito através de exames adicionais, como tomografia computadorizada, colonoscopia, ressonância magnética e tomografias. “A confirmação da suspeita se dá pela realização da biópsia, que analisa o tecido obtido”, informa.

Tratamento

A American Cancer Society é uma organização voluntária de saúde, fundada em 1913, que opera em mais de 900 unidades nos Estados Unidos, visando combater o câncer. Segundo a organização, existem alguns fatores que podem diminuir o risco de câncer de ovário, como a gravidez, a amamentação e o uso de contraceptivos orais. Além disso, outras formas de controle de natalidade, como a laqueadura e o uso curto de DIU, também estão associadas a um menor risco de desenvolver a doença.

“Com o diagnóstico em mãos, vamos ao tratamento. Nessa fase, os médicos trabalham juntos para criar um plano de tratamento personalizado para cada paciente. Ou seja, o tratamento varia de caso para caso”, explica Castro. Segundo ele, muitos fatores podem influenciar o tratamento, tais como: tipo, tamanho e extensão do tumor, idade do paciente, desempenho dos receptores hormonais e o comprometimento dos outros órgãos.

Cirurgias, quimioterapia, terapia direcionada, ensaios clínicos e cuidados paliativos podem fazer parte do tratamento para o câncer de ovário. Para o oncologista, as técnicas têm o objetivo de retirar o câncer, reduzir seu crescimento e o risco de disseminação para outras partes do corpo, aliviar os sintomas e gerenciar os efeitos colaterais. “Nos casos de diagnóstico de doença inicial, os procedimentos podem ser feitos com técnicas minimamente invasivas”, diz. Após realizar todo o tratamento, é fundamental que o paciente tenha uma rotina de visitas para acompanhamentos clínicos.

“Depois que cheguei ao fim do meu tratamento, me senti aliviada e agradecida, já que os médicos conseguiram remover o tumor. Porém, esse período foi bem estressante e a preocupação de um possível retorno da doença sempre esteve ao meu lado”, relata Izabel. Para ela, o apoio e força que recebeu durante e após o tratamento, foi fundamental. Por isso, conta que além do acompanhamento clínico, é necessário contar com acompanhamento psicológico.

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