Mortalidade materna aumentou ou estagnou em quase todas as regiões do mundo.
Juliete Caetano
A cada dois minutos uma mulher morre por complicações durante a gestação ou parto, de acordo com relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas. Essa publicação revela retrocessos para a saúde das mulheres nos últimos anos.
O número de mulheres gestantes que morreram durante à gravidez ou parto cresceu de forma alarmante. Entretanto, em alguns países, esse número estagnou. O relatório mostra as mortes maternas nacionais, regionais e globais, além de expor que só no ano de 2020 o número de mortes maternas chegou a 287 mil. O Brasil é o país que se encontra no primeiro grupo, com 5,4% de mortes registradas entre 2000 e 2020.
Medidas preventivas
Daiane Pereira, dona de casa, comenta alguns cuidados que todas as gestantes devem tomar durante a gravidez: “É importante o processo do pré-natal desde o início e que o cartão de vacinas esteja sempre atualizado, além de beber bastante água e tentar ter uma alimentação saudável”, destaca.
Mãe de primeira viagem, Daiane contou a importância do acompanhamento médico e o Sistema Único de Saúde que foram essenciais durante a gestação. “Fiz acompanhamento médico pelo SUS, fui bem atendida pela médica e mesmo após o parto é importante a orientação referente a amamentação. Nem todas as mães conseguem amamentar sem sofrimento ou dor”, conta.
O Diretor Geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom, ainda destacou em comunicado o desrespeito à saúde que muitas mulheres enfrentam. Ele explica que “embora a gravidez deva ser um momento de imensa esperança e uma experiência positiva para todas as mulheres, tragicamente ainda é uma experiência chocantemente perigosa para milhões de pessoas em todo o mundo que não têm acesso a cuidados de saúde respeitosos e de alta qualidade”.
Principais causas das mortes na gravidez
Segundo o site oficial da Fundação das Nações Unidas para a infância, as principais causas de mortes maternas podem estar ligadas a sangramento grave, pressão alta, infecções relacionadas à gravidez, complicações de aborto inseguro e condições subjacentes.
Segundo o relatório das Nações Unidas, um terço das mulheres não faz metade dos oito exames pré-natais recomendados. Além da falta de informação, as desigualdades de renda, educação e raça ou etnia também aumentam os riscos de morte.
A ginecologista Evelyn Aboud, que atua na área há dezoito anos, aponta a deficiência dos cuidados necessários durante a gravidez. “O impacto da mortalidade materna mostra uma falha que acontece antes mesmo da concepção do bebê. Não temos um sistema de saúde montado para a saúde preventiva. O momento da gestação não é só o momento de pensar na cor do quarto do bebê, quantas roupas comprar, ou qual vai ser o tema da festa de um ano da criança, e sim como se preparar metabolicamente para se tornar um ambiente propício para o bebê”, enfatiza.
Os cuidados vão além de uma manutenção, pois a busca deve ocorrer desde a descoberta da gestação até o momento do parto e pós-parto, incluindo a saúde da mãe.