O time chega a Copa do Mundo em clima de tensão devido às questões políticas, e troca de técnico.
Bruno Sousa Gomes
Para muitos times que estão chegando ao Catar, o clima é de tranquilidade. Mas para o Irã, o momento não é dos melhores. Com a troca de técnico, a seleção não teve o preparo ideal para a Copa do Mundo. Mas nem tudo está ligado a isso, as questões políticas vividas pelos iranianos também influenciam o momento futebolístico.
A jovem iraniana de 22 anos, Mahsa Amini, foi espancada até a morte pela polícia por não estar usando hijab (um véu que cobre a cabeça). Isso impactou a vida das mulheres iranianas, que começaram a fazer protestos, o movimento ganhou apoio mundial e os jogadores da Seleção do Irã abraçaram a causa.
Antes de um amistoso contra o Senegal, os jogadores entraram em campo com jaquetas pretas em atitude de empatia ao movimento, e se manifestaram nas suas redes sociais atualizando suas fotos de perfis colocando um círculo preto. O atacante Sardar Azmoun, postou no seu Instagram um texto afirmando apoio ao movimento e pedindo desculpas por não terem se pronunciado no campo, por causa das regras que são impostas a eles.
Declaração do ídolo iraniano
O ex-atacante da Seleção do Irã, que sempre defendeu e lutou pelos os direitos do país, disse que é contra a participação da Seleção na Copa do Mundo. Devido aos movimentos políticos que vêm sendo vivenciados por eles. Inclusive, pediu que a FIFA punisse o país, porque o governo tem reprimido as causas feministas.
Em nota o portal de notícias UOL apresenta que, “de acordo com a ONG Iran Human Rights, mais de 120 pessoas já morreram na repressão às manifestações que lutam por mais direitos civis às mulheres na sociedade iraniana.”
A demissão de Skocic
Em 06 de fevereiro de 2020 o croata Dragan Skocic, foi nomeado técnico da Seleção Iraniana. Com 51 anos, Skocic, comandava até então o Sanat Naft, de Abadan, cidade no sudeste do Irã, atual sétimo colocado da primeira divisão iraniana.
A imprensa iraniana relatou que o principal motivo para a demissão foi que Skocic teve uma relação ruim com alguns jogadores da seleção. O técnico tinha apenas duas derrotas em 18 jogos sob o comando do Irã e liderou a equipe asiática para a classificação à Copa do Mundo.
Ao todo, Dragan teve 15 vitórias, um empate e duas derrotas no comando do Irã. Ele assumiu a equipe em fevereiro de 2020, no lugar do belga Marc Wilmots, que comandou a seleção apenas em dois jogos.
A volta de Carlos Queiroz
Carlos Queiroz, foi, então, recolocado como técnico do Irã. Com mais de 20 anos de carreira já passou por Real Madrid, Sporting de Lisboa, New York Metrostars, Nagoya Grampus e o Manchester United e também comandou outras seleções, com Emirados Árabes Unidos, África do Sul, Portugal, Irã e Colômbia.
Ele sempre estudou muito, mas o futebol sempre esteve presente em sua vida. Foi na África que sua carreira no futebol começou jogando na posição de guarda-redes, no Ferroviário de Nampula. Depois foi para Portugal estudar Educação Física e tirou licenciatura na área, e nos anos 80 começou a treinar jogadores. Hoje, Queiroz reassumiu o time do Irã e em nota disse que “quando sua família chama, você tem de atender.”
Classificação do Irã
Essa será a sexta participação iraniana em mundiais. Além de buscar uma inédita classificação para as oitavas de final, a seleção terá a chance de repetir o seu resultado mais memorável na história do torneio. Em 1998, em confronto que também tinha como pano de fundo a geopolítica, derrotou os Estados Unidos por 2 a 1.
O Irã está no Grupo B do Mundial, ao lado de Inglaterra, Estados Unidos e País de Gales. A estreia no Mundial é no dia 21 de novembro, contra os ingleses.