Adalie Pritchard
Entre outubro de 2018 e março de 2019, mais de 500 milhões de abelhas morreram no Brasil, e 400 milhões delas estavam no estado do Rio Grande do Sul. As principais causas da morte dos insetos são as mudanças no uso da terra, agricultura intensiva e de larga escala, uso indiscriminado de agrotóxicos, mudanças climáticas, espécies exóticas invasoras e pragas. O Brasil é especialmente importante para as abelhas, já que é lar de 3000 espécies diferentes.
“As abelhas são essenciais para o meio ambiente e para a cadeia alimentar, pois realizam o processo de polinização, que é a transferência de grãos de pólen da estrutura masculina para a estrutura feminina das flores”, nos lembra Kátia Aleixo, bióloga e consultora na Associação Brasileira de Estudos das Abelhas. Ela ainda esclarece que o processo de polinização animal é benéfico a cerca de 75% das culturas agrícolas mundiais. “Somente no Brasil, aproximadamente 60% das culturas apresentam algum grau de dependência por polinização animal, incluindo maracujá, melancia, melão, castanha-do-Brasil, cacau, maçã, morango, café, laranja, entre outras”, explica a bióloga. As abelhas são o principal grupo de polinizadores animais, mas não o único. Besouros, borboletas, mariposas, aves, vespas, moscas e morcegos também realizam o processo.
Mel falso x verdadeiro
Eugenio Valdés cria abelhas com o fim de vender mel puro. Ele explica que, na atualidade, existe um mel “completamente falso” (semelhante ao melado), feito de uma mescla de açúcar cozido com ácido cítrico, e, em ocasiões, um pouco de mel verdadeiro. O produto final é muito mais econômico que o mel original, e, por isso, vendido mais facilmente.
O apiculturista informa que é difícil distinguir um mel puro de um falso à vista, porque os dois podem ficar com uma textura granular, e o mel autêntico pode variar em cor e textura dependendo de diversos fatores, como altitude e umidade. Quanto menor a umidade, mais grosso o mel. Já em grandes altitudes, fica mais doce. Ele também reforça que o mel verdadeiro não estraga com facilidade: “numa tumba egípcia acharam frascos de mel com mais de 3000 anos em boas condições. Se o mel não se mistura com outros alimentos, não terá data de vencimento”.
Rogério Rocha foi apliculturista de abelhas africanas e trabalhava na extração de pólen. “A finalidade de criar abelhas é totalmente financeira, e tem dois tipos de situações: a produção de pólen e mel”, revela. Mesmo assim, o profissional coloca que elas são de importância ímpar para o equilíbrio do ecossistema. Ele frisa que o ataque à colmeias é danoso a esses animais, mas, também, ao bioma em redor. Sua recomendação é criar os insetos em lugares separados das pessoas, já que o barulho lhes faz sentir ameaçados.