Medidas adotadas pelo governo e redução da taxa de juros podem incentivar os consumidores.
Yasmim Larissa
O setor automobilístico brasileiro fechou o ano de 2023 com uma alta de 12% em relação ao ano anterior, registrando mais de 400.000 emplacamentos apenas em dezembro. Neste ano, a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (FENABRAVE), apontou, em uma de suas primeiras projeções, o crescimento global para 13,54%. Considerando todos os segmentos, haverá mais de 4 milhões de veículos comprados, caso a estimativa se concretize.
De acordo com a organização, o mercado automotivo já registrou um aumento de 20% em janeiro, totalizando 322.505 unidades emplacadas. “Apesar de estarmos distantes do nosso pico histórico para janeiro, que foi no ano de 2014, quando emplacamos 446 mil unidades, este é um bom resultado, ainda mais ao considerarmos os números dos últimos anos”, disse o presidente da federação, Andreta Jr. a FENABRAVE.
As medidas provisórias
Andreta atribui esse aumento às providências adotadas pelo governo. ”Temos que lembrar do impulso das medidas provisórias que estimularam o setor, o que mostra que é necessária a busca de soluções permanentes que mantenham o mercado aquecido”, analisou o presidente em entrevista para o site da FENABRAVE.
Para estimular a compra de carros populares e torná-los mais acessíveis à população, um decreto informando sobre as medidas provisórias adotadas pelo governo foi publicado no Diário Oficial da União. Esse plano foi uma iniciativa do vice-presidente da República e ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad,
A medida Nº 1.175 estabelece a criação de faixas de descontos para veículos que atendam aos critérios de sustentabilidade ambiental, social e econômica. O programa também disponibilizou descontos de 2 até 8 mil reais para quem atingisse os critérios, podendo contar com maior desconto se conseguisse preencher o máximo dos requisitos. A validade da medida provisória foi estipulada para finalizar em 4 meses ou até os descontos atingirem 1,5 bilhão de reais. Além disso, o Banco Central (BC) prolongou a decisão do Comitê de Política Monetária (o Copom) sobre a redução da taxa Selic, que fechou o ano de 2023 em 11,75%.
De acordo com o economista Amadeu Fonseca, medidas como essas podem beneficiar significativamente a população. “O ciclo de corte da Selic pode impactar positivamente na venda e compra de automóveis, pois a Selic influencia diretamente as taxas de juros praticadas no mercado”, comenta.
Esse é o melhor momento para comprar um carro zero?
Para Carlos Tevez, consultor de vendas na Dtatos, mesmo com a redução de impostos e da taxa da Selic, o tempo que os novos valores chegam ao consumidor final não é tão rápido como se imagina. Levando em consideração que esta taxa é usada pelo BC para controlar a inflação, os créditos podem se tornar mais baratos ou mais caros a depender do aumento ou redução da taxa. “Vale a pena analisar se o melhor caminho é financiar o carro ou esperar por ofertas”, ressalta.
Apesar disso, Amadeu explica que as políticas de estímulo ao crédito, como financiamentos e empréstimos, podem incentivar o mercado automobilístico e tornar a aquisição de veículos novos mais acessível aos consumidores. “Considerando as perspectivas de continuidade de estímulos ao consumo por parte do governo e as medidas para promover o crescimento econômico, é razoável esperar que 2024 seja um ano favorável para a concretização da compra de carros zero quilômetro”, conclui.