Comissão Nacional de Museus e Monumentos da Nigéria tem pedido atendido e recupera artefatos tomados no século 19.
Paula Orling
O museu Horniman, de Londres, vai devolver 72 artefatos arqueológicos saqueados na Nigéria no século 19, durante a colonização. Os itens, correspondentes ao Reino de Benin – no atual sudoeste nigeriano – serão devolvidos diretamente ao governo nigeriano, após um pronunciamento do museu, no início de agosto.
Entre os artefatos estão os Bronzes de Benin, um conjunto de 12 placas de bronze, uma chave do palácio real e um galo de bronze. Os objetos foram levados para a Inglaterra após uma incursão militar britânica. Outros artefatos levados na mesma ocasião, se encontram nos Estados Unidos.
A iniciativa de devolução foi da Comissão Nacional de Museus e Monumentos da Nigéria (NCMM), que fez um pedido oficial em janeiro. Para a decisão, visitantes, pesquisadores, acadêmicos e crianças em idade escolar foram consultados. Além disso, o pronunciamento que revelou a devolução por parte da Inglaterra aconteceu cerca de dois meses depois da Alemanha devolver centenas de artefatos de origem nigeriana.
Impacto para a população nigeriana
Adachukwu Ejiofor, natural da Nigéria, conta como ter objetos da história do seu país contribui para o autoconhecimento e molda o futuro. “Se não sabemos de onde viemos, como sabemos para onde vamos?”, questiona. Adachukwu ainda descreve que por ser descendente do povo de Benin, imagina o quanto a devolução dos itens arqueológicos significaria para seus antepassados.
Diante do benefício que ter registros da história nacional dentro do próprio território nacional gera para um povo, a presidente do Museu Horniman, Eve Salomon, apoia a devolução. “A evidência é muito clara de que esses objetos foram adquiridos à força, e a consulta externa apoiou nossa visão de que é moral e apropriado devolver a propriedade à Nigéria”, defendeu em pronunciamento.
Tendência de devolução
A iniciativa do Museu Horniman de devolver os artefatos nigerianos é muito importante, mas não é a única. Alguns museus e acervos ocidentais seguem a tendência e devolvem itens saqueados na África.
Em julho, por exemplo, o Jesus College, em Cambridge (Inglaterra), e a Universidade de Aberdeen (Escócia) devolveram uma cabeça de rei – obá, na língua tradicional nigeriana – e uma escultura de galo.
A NCMM informa que alguns dos artefatos inestimáveis serão armazenados no Museu de Lagos, enquanto outros ficarão no Museu Nacional do Benin, quando este for ampliado.
Foto: Divulgação do Museu Horniman