Nomes como Marie Curie, Ada Lovelace e Rosalind Franklin ganham exposição significativa que reforça a visibilidade de mulheres cientistas.
Rayne Sá
Em comemoração ao Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, o Museu Catavento Cultural, pertencente à Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, está disponibilizando uma mostra com painéis expositivos de 12 mulheres que se destacaram em diferentes áreas da ciência. Com o propósito de disseminar o trabalho de cientistas que por vezes são esquecidas pela história, a exposição, que teve início no dia 26 de outubro, ficará disponível até 11 de fevereiro de 2022.
Conhecido por ser um espaço que aborda a ciência de maneira descontraída, o Museu de Ciências de São Paulo, em parceria com a empresa Siemens, apresenta a instalação de forma interativa com painéis que disponibilizam QR Code, o que possibilitará obter ainda mais informações sobre cada cientista.
Para Ana de Lima, assessora do setor educativo do Museu Catavento, ações como essa visam demonstrar que é possível e, quem sabe, inspirar meninas a não desistirem de seus sonhos. “O interesse para o desenvolvimento pelo tema – que teve o patrocínio da empresa Siemens – foi justamente promover e divulgar tantas mulheres que atuam no campo das ciências”, afirma.
A exposição, que acontece durante o plano de retomada segura de eventos sociais, do Governo de São Paulo, instaurado no dia 17 de agosto, foi instalada em uma área semiaberta, com circulação natural de ar. “A recomendação para higienização das mãos continua, disponibilizamos álcool em gel e obrigatoriedade do uso de máscaras”, frisa a porta-voz.
Lugar de mulher
De acordo com a astrofísica Thaisa Storchi Bergmann, uma das cientistas brasileiras de maior prestígio internacionalmente, iniciativas assim são muito importantes, principalmente aquelas que envolvem meninas mais jovens. “Noto que até uns 8-10 anos de idade, há muitas meninas interessadas em ciência, quase tanto quanto os meninos. Mas depois este interesse diminui, e uma das causas são os estereótipos culturais que vão sendo passados através da mídia e redes sociais”, observa.
Embora as mulheres sejam maioria nas universidades, é um fato que muitas barreiras ainda precisam ser superadas em espaços que por tantos anos foram vinculados aos homens. Uma pesquisa realizada pela UNESCO, em 2018, sobre a participação das mulheres na ciência, revelou que menos de 30% delas estão na pesquisa científica.
Para Márcia Barbosa, física, professora universitária e pesquisadora brasileira, esses dados mostram que as mulheres não conseguem entrar nessas profissões “porque educamos nossas crianças a pensarem que meninos são inteligentes e meninas são esforçadas”, explica. Neste sentido, ela reforça ainda que sem equidade entre mulheres e homens, a ciência perde. “Mais equidade é mais inovação disruptiva”, diz.
Para aquelas que sonham seguir nessa área, mas que recebem pouco incentivo, Storchi Bergmann aconselha que gostem e acreditem no valor do que estão fazendo. “O primeiro requisito é curiosidade”, indica. Seguindo a dedicação e persistência.