A experiência imersiva com cantigas de ninar mostra a importância das mulheres nos movimentos migratórios.
Bruna Schaun
Procurando uma forma de representar o papel da mulher na história da migração de diversos povos para o Brasil, três artistas, juntamente com o Museu da Imigração de SP lançaram uma experiência imersiva com cantigas de ninar chamado “Mátria: êxodos contemporâneos”. O projeto acontecerá nos jardins do museu e a exposição ficará em cartaz até o dia 26 de dezembro.
Eva Castiel, Fanny Feigenson e Fulvia Molina, realizaram a instalação multimídia e trouxeram em sua proposta 18 canções de ninar. As cantigas serão entoadas em suas línguas originais por mulheres migrantes e/ou filhas de migrantes. Os idiomas serão português, italiano, iídiche, francês, espanhol, ucraniano, língua angolana e tupi-guarani.
O objetivo do programa é tornar conhecido o papel da mulher nos movimentos migratórios e também dar um rosto para cada uma delas através das cantigas de ninar que eram usadas para acalentar os filhos nas duras jornadas migratórias .
Eva Castiel, artista e uma das organizadoras, explica: “Falar sobre imigração é falar de alguma coisa problemática, mas que não tem rosto. Porque, milhares e milhares de mulheres vêm ao Brasil e tem grandes problemas com seus filhos e elas não são representadas por nenhum setor específico. Então eu acho que quando a gente põe o nome da cidade, do país e a canção de ninar, a gente está dando um rosto para cada uma delas e chamando a atenção de cada país que elas vem”.
Para Fulvia Molina, artista e parte das organizadoras, a música é a expressão do sentimento, mesmo sem palavras e por isso foram escolhidas cantigas de ninar. “Essas canções cantadas em sua língua original, são o resgate do elo deixado para trás no desterro”, explica Fulvia.
No passado, o Museu da Imigração era onde se hospedavam os imigrantes que chegavam pelo porto de Santos. A artista Eva Castiel nos conta de onde surgiu a ideia e o porquê deste ser o local escolhido: “ A ideia foi também de reconhecer o importante papel da hospedaria na recepção dos imigrantes e refugiados, ainda hoje tão necessitados de acolhimento e consideração”, revela Eva.
Eva continua dizendo: “Temos um compromisso com todas as mulheres, atuais e as que nos antecederam, nossas ancestrais que nos transmitiram seu carinho e seu afeto”. O público pode conferir “MÁTRIA”, incluindo suas canções de ninar e lembranças da infância, no Instagram do projeto (@expomatria).