A vida é feita de ciclos e não se pode negar. No contexto da educação, o mesmo acontece. Ao menos para uma parcela significativa da população
Victória Coelho
O juntar das letras, formar das palavras, contar dos números e por fim o ler fazem parte de um dos tantos ciclos da área educacional. A transição do ensino médio para faculdade, a inclusão de disciplinas como física e química marcam mais uma etapa desse período. Mais adiante, começa o preparo para os vestibulares. E nessa dinâmica, além da bagagem e aprendizado adquiridos com inícios e fins dos ciclos educacionais, novos desafios chegam. Com o ciclo da graduação, ocorre uma série de mudanças e adaptações, principalmente quando se fala de uma instituição com regime de internato.
Para a psicóloga, Lia Clerot os desafios são incontáveis, afinal é um grande passo para amadurecimento e isso se dá porque os jovens precisam conciliar as responsabilidades da vida adulta e se tornar autônomos. Precisar ter sempre em mente que a partir daquele momento, tudo serão escolhas e méritos. “Eles não precisam mais tirar boas notas apenas para prestar contas com o pai, mas ter consciência que está trabalhando para a formação profissional dele e todos os atos terão consequências e reflexos marcantes”, destaca.
Nathalia Souza sente na pele o fechar de um ciclo e iniciar de outro. Vindo de Fortaleza, a cearense começou uma nova etapa em São Paulo para cursar Administração. Ela estuda no Centro Universitário Adventista de São Paulo, Unasp, campus Engenheiro Coelho. O contraste entre as temperaturas de uma cidade e outra não é a única questão que a futura administradora precisa aprender a lidar. Natalia possuía uma rotina bem simples que se resumia em estudar, ajudar nas tarefas de casa e ir à igreja.
Os desafios da atualidade
Hoje, a estudante se depara com situações que nunca havia vivenciado, uma delas é trabalhar. No primeiro ano da faculdade, ela precisa de tato para administrar sua rotina, em trabalho e estudos. Tudo isso em um mesmo lugar. Além do mais, toda essa transição também pede novos amigos. A universitária conta como tem lidado com as novas responsabilidades e a saudade de casa. “Para amenizar essas questões eu me envolvi em um projeto do campus, chamado de Geração 148, estou me dedicando aos estudos e tenho focado no trabalho. Procura me ocupar sempre e não passar tempo pensando em como seria se estivesse em casa”, frisa.
A profissional ainda revela que assim como Natalia é possível minimizar os efeitos negativos dessa fase de adaptações vivenciando esse momento de maneira saudável. Segundo Lia é um erro achar que ser adulto é ser um indivíduo isolado. Ter autonomia nas decisões pode vir de conselhos e ponderações alheias. “Conversar com alguém sobre seus sentimentos, medos, anseios é uma forma de extravasar e não deixar que tudo isto evolua para momentos de estresse, depressão, ansiedade, insônia. Não deixe toda a pressão pesar sobre seus ombros”, aconselha.
Outra questão experienciada por Natalia no novo ciclo do internato foi a de dividir quarto com outras meninas. Sendo que essas meninas vêm de lugares, culturas e experiências diferentes. Nos ciclos, há um ditado que se encaixa bem: “Tudo é questão de tempo”. Natalia destaca que de uma semana pra cá, as coisas têm se ajeitado e novos amigos estão surgindo. Um exemplo, o projeto Geração 148, os jovens que dedicam seu tempo para ajudar o próximo acolheu a caloura como se fosse da família.
No inicio e fim dos ciclos uma coisa é certa: o amadurecimento. A psicóloga apresenta que como seres diferentes cada um possui sua maneira de enfrentar tais questões. “Nem todos amadurecem e aprendem com a mesma velocidade”, reflete a psicóloga. Diante disso, encarar tais situações com leveza e tendo a certeza do crescimento é fundamental. “É importante que os jovens tenham momentos de descompressão e descontração para si. Hobbies, passeios, momentos ociosos, viagens devem fazer parte de uma rotina equilibrada e saudável”, acrescenta.