Em uma decisão significativa, a OMS libera a vacinação contra a malária em áreas com alta transmissão da doença.
Sara Helane
Em uma coletiva de imprensa realizada na quarta-feira, dia 06 de outubro, em Genebra, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou a liberação da vacina contra a malária para crianças que se encontram em áreas de risco. Essa aprovação é fruto da análise dos resultados das pesquisas de um programa piloto que teve duração de 30 anos.
Ainda na coletiva de imprensa, Ghebreyesus comemorou ao fazer o anúncio. “Essa é uma conquista histórica. A tão esperada vacina contra malária é um avanço para a ciência, para a saúde infantil e para o controle desta doença”, declarou.
Segundo a OMS, a vacina deve ser fornecida em quatro doses para crianças a partir dos cinco meses de idade. O uso do imunizante RTS,S irá beneficiar, primeiramente, a região da África Subsaariana onde a malária é a principal causa de mortes e adoecimentos entre as crianças. Os números são expressivos, já que, anualmente, 260 mil crianças com menos de cinco anos morrem de malária nesse local.
De acordo com o site da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), esse programa de vacinação pode reforçar os impactos que essa vacina pode ter nessas regiões. “O Programa de Implementação de Vacinas da Malária está gerando evidências e experiência sobre a viabilidade, impacto e segurança da vacina RTS,S na vida real.”
A vacina começou a ser desenvolvida em 1987 pela farmacêutica britânica GSK, mas o estudo só passou a ser testado em humanos a partir do ano 2000. A fase final do estudo foi realizada entre 2011 e 2015 e teve a participação de 15 mil crianças da região da África Subsaariana e os resultados comprovaram que o imunizante era eficaz.
Por ter o total de 4 doses de aplicação, a OMS teme que o uso dessa vacina possa afetar na eficácia de outros imunizantes já oferecidos na mesma faixa de idade para as crianças.
Para acabar com essa insegurança, a OMS lançou o projeto piloto em que as quatro doses foram aplicadas em quase 800 mil crianças. Em seus resultados, a vacina foi considerada de boa segurança, preveniu 40% dos casos e ainda diminuiu em 30% os tipos mais fortes da doença.
Segundo o site oficial do Ministério da Saúde, a maior parte dos casos de malária no Brasil se encontra na região que compreende os estados do Acre, Amazonas, Amapá, Roraima, Rondônia, Pará, Mato Grosso, Maranhão e Tocantins.
Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, a malária não é uma doença contagiosa, pois a pessoa só é contaminada por meio da picada da fêmea do mosquito Anopheles, conhecido como “mosquito prego” e isso só ocorre quando a fêmea está infectada por um tipo de protozoário chamado Plasmodium. Apesar disso, o Brasil provavelmente ficará de fora dos países que irão efetuar a vacinação contra a malária, já que o país registrou 30 óbitos em 2020.