Emanuely Miranda
Os pais, historicamente mais desligados da educação dos filhos, assumem um papel emergente
De acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), há 5,5 milhões de crianças brasileiras sem o nome do pai na certidão de nascimento. Outras possuem a presença paterna no documento, mas a responsabilidade da educação competia à figura materna. As mães assumem as demandas, que vão além do aspecto financeiro, dos filhos.
Esse comportamento é histórico. O historiador Fábio Darius explica que o âmbito doméstico era território da mulher até os anos 70. Cabia aos homens a tarefa de prover os recursos. Depois disso, os costumes começaram a mudar. “Agora, há pais exercendo a função outrora materna e vice-versa”, relata.
A dona de casa Miralva Castro e seu marido José Raimundo participaram de forma conjunta na educação dos dois filhos que tiveram. Ela acredita que as responsabilidades pertencem de igual forma a ambos. “Muitos só querem ter a participação no lançamento do esperma no óvulo, ou seja, um prazer momentâneo”, aponta a negligência. Miralva acredita que educar pessoas é uma responsabilidade grande e, portanto, o certo é que seja compartilhada.
Para Lian Castro, filho mais novo do casal, a participação de pai e mãe fez toda diferença em sua vida. “Muitas características do meu caráter e visão de mundo foram totalmente construídas pelas ideias transmitidas por ambas as partes”, considera. Ele defende o fato de que os pais devem ter participação equilátera.
A pedagoga Luciana Ferraz defende o mesmo. “Os pais têm um papel fundamental na aquisição de identidade da criança. O contato com os dois (pai e mãe) formam o mundo interno delas”, esclarece. Ela explica que ambos se tornam referência para os filhos. Entretanto, apesar das mudanças ocorridas desde as décadas passadas, ainda há muito pela frente.
Luciana acredita que um grupo de pais tomou consciência a respeito da importância que eles têm na vida dos filhos. Com isso, se dedicam para passar mais tempo com as crianças e assumem as responsabilidades que surgem desde o momento que geram outra vida. No entanto, de acordo com a pedagoga, a parcela de homens que apresentam esse comportamento ainda está longe de ser a ideal.
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