A relação entre o aumento do consumo do doce e o transtorno de ansiedade são esclarecidos através da compreensão do processamento do organismo
Ester Leite
O chocolate resulta na mesma reação química que remédios anti ansiedade segundo análise da Universidade New South Wales, de Sidney, Austrália. Embora essa indústria tenha sido afetada, existe uma crescente demanda de chocolate na pandemia. Com a flexibilização das medidas de restrição, uma taxa de 90,1% dos lares brasileiros optaram por adquirir o produto diretamente de suas casas. Já o consumo externo sofreu um leve crescimento, alcançando a taxa de 65,9%, conforme pesquisa gerada pelo Instituto Kantar, delegada pela Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (ABICAB).
O Brasil, já considerado o país mais ansioso do mundo pela Organização Mundial da Saúde (OMS), sofreu com a intensificação desse caso durante a pandemia. Segundo pesquisas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, houve aumento de 80% no ano passado.
Segundo a nutricionista Laís Marques, quando o emocional está prejudicado, a procura por chocolate e outros doces é maior, pois eles estimulam a liberação de endorfina, que resulta em maior disposição mental e bom humor.
“Ele impulsiona os receptores da serotonina e da dopamina, que têm a função de melhorar o humor e a atividade mental. Além de oferecer proteínas, lipídeos totais, carboidrato, fibra e diversos outros nutrientes que ajudam até na saúde vascular e funcionamento oxidativo”, comenta a nutricionista
Ela diz ainda que, durante a pandemia, observou um aumento da compulsão por alimentos com maior teor açucarado, que em sua visão, foi tido como forma de fugir da realidade.
Para pacientes nesse contexto, ela recomenda uma dieta onde o chocolate não seja a única opção, mas legumes, aveia, banana, amêndoa, e outras comidas , que contêm triptofanos. Assim como a ingestão de água regularmente, atividade física e a luz solar, que somados auxiliam na fabricação de serotonina, responsável pelo sentimento de bem-estar.
Rebeca Alves, estudante de jornalismo Centro Universidade Adventista de São Paulo campus Engenheiro Coelho, confessa que sua ansiedade a faz consumir doces, principalmente chocolate. Por ser intolerante a lactose, já teve consequências com a ingestão, até mesmo infecção na garganta.
Mesmo com a rejeição de seu organismo, ela não consegue parar de comer e durante a pandemia, observou, com certeza, aumento desse descontrole alimentar.
“O cérebro e o intestino se comunicam por meio do nervo vago. O neurotransmissor, a serotonina, se comunica com células nervosas, encontradas em grande quantidade no intestino, uma vez que é elaborado a partir do triptofano, presente também no chocolate.
Caso haja desequilíbrio intestinal, a alteração da presença de triptofano e outros nutrientes, reflete nas emoções, disposição, apetite e outros sintomas” explica Laís.