Segundo estudo, podem ser encontrados até dez mil fungos e bactérias nos fones
Rafaela Vitorino
Uma pesquisa feita pelo curso de biomedicina da Devry Metrocamp, em Campinas, constatou que existem cerca de dez mil fungos e bactérias espalhados nos fones de ouvido. Doenças como micose, irritação, abcessos, otites e até mesmo meningites podem ser causadas por esses microrganismos.
Durantes três meses foram analisados 40 fones, sendo 10 headfones e 30 auriculares. Os aparelhos pertenciam a jovens e adultos acostumados a usá-los no cotidiano, que emprestavam seus aparelhos e não tinham o hábito de higienizar. A principal bactéria isolada encontrada foi a Staphylococcus aureus, responsável por furúnculos e em casos mais graves, até meningites. Fungos como Aspergillio sp e Cândida sp também foram encontrados, sendo esses responsáveis pela otomicose, que é a micose de ouvido.
O aluno de biomedicina Márcio Evangelista Júnior, responsável pela pesquisa juntamente com sua professora, aponta que esses microrganismos já existem em nosso corpo. O problema está quando a quantidade aumenta, tornando isso algo preocupante. Pessoas que tem problemas de imunidade, como idosos e crianças tendem a desenvolver com mais facilidade esses tipos de infecções. “Se alguém tiver uma pré-disposição causada por defeito anatômico ou perfuração, há uma considerável chance de ela desenvolver problemas causados pelos fungos e bactérias”, explica.
A professora, doutora em microbiologia e orientadora da pesquisa, Rosana Siqueira, conta que a falta de higienização faz com que aumente a quantidade dos microrganismos. A contaminação ocorre através da cera que gruda no fone. Ela retém poeira, sujeira, pele morta e bactérias e fungos que existem nos ambientes em que os fones são deixados. “Quando usamos novamente os fones levamos tudo isso para dentro dos nossos ouvidos sem perceber”, alerta.
Júnior ainda ressalta o problema que existe no compartilhamento de fones. “Quando você empresta o fone você também compartilha sua microbiota, que é única para cada pessoa. Assim ocorre uma troca de microrganismos entre os corpos”, acrescenta. Isso ocasiona um desequilíbrio que torna o corpo mais propenso a desenvolver infecções.
O estudante de direito Vinícius Brito usa fone de ouvido pelo menos duas horas por dia, tanto o auricular quanto o headfone. Entretanto, ele limpa apenas o auricular usando cotonetes. Mesmo assim, entende a importância de limpar os fones. “Isso é necessário para garantir a higiene e prevenir doenças causadas pelo mau uso”, comenta.
Para a bióloga e professora Camila da Silva esses tipos de estudos são importantes para alertar a população. “As pessoas não se lembram de higienizar, por isso é importante lembrar as pessoas sobre os cuidados necessários”, afirma. Para diminuir o risco de doenças é preciso tomar cuidados que são parecidos para os dois modelos de fones. Eles devem ser limpos com álcool isopropílico, que não danifica os aparelhos, e deixados em local seco e arejado.
*Foto: https://goo.gl/ENhWvT