A impossibilidade de melhora na remuneração é resultado da ausência de políticas que valorizem os docentes.
Pamela Piassa
Uma pesquisa realizada pelo Movimento Profissão Docente, que reuniu informações das secretarias estaduais de Educação em setembro de 2022, mostrou que, mesmo o salário dos professores tendo subido nos últimos anos, houve um achatamento na profissão. Ou seja, não há previsão de crescimento salarial ao longo dos próximos anos para os educadores.
Ainda segundo o estudo, em 19 unidades da federação o aumento só atinge os 50% até o final da carreira. A amplitude salarial média no Brasil é de 48%.
Hudson dos Reis leciona língua inglesa em uma das redes estaduais de Minas Gerais e enxerga o descaso e a desvalorização com os docentes. “Em média, o professor leva quatro anos para se formar, e na hora que vem o salário, é bem menos do que o esperado. Sem falar na falta de concursos públicos, e quando saem, são poucas vagas”, desabafa.
O professor lembra que houve aumento do piso salarial no governo Bolsonaro, mas essa porcentagem era baixa e não chegou em todos os municípios. “Então, para um professor ganhar bem, tem que trabalhar 2 ou 3 turnos, e aí não tem qualidade de vida”, afirma Hudson.
A carreira dos docentes
Desde a criação do piso nacional em 2008, o salário inicial de professores das redes estaduais vem melhorando de forma contínua. Entretanto, esse avanço não é acompanhado de melhorias nos rendimentos a longo prazo da carreira docente.
A Fundação Varkey, entidade que tem como objetivo desenvolver e elevar o nível da educação para crianças carentes, publicou uma pesquisa mostrando que, no Brasil, uma em cada dez pessoas acreditam que o professor seja respeitado dentro das salas de aula. A pesquisa foi realizada em 35 países no ano de 2019.
O professor da rede municipal de Engenheiro Coelho, Rafael Meirelles, diz não ser surpresa o descaso com os professores. “Em algumas cidades, nem o piso nacional estabelecido por lei é pago. Então, ler a informação de que o salário do professor ao longo de sua carreira não tem aumento de 50%, não me surpreende. Cada vez mais, a educação vem sendo sucateada e temos professores desmotivados, alunos não atingindo os índices e parâmetros de avaliação estabelecidos pelo MEC”, conclui.