Segundo o IBGE, atualmente são 11 milhões de brasileiros que não sabem ler nem escrever.
Juliete Caetano
Avaliado em um retrocesso de 20 anos, o analfabetismo no Brasil cresceu com a chegada da pandemia, contudo a meta do PNE (Plano Nacional de Educação) ainda é erradicá-lo até 2024. Enquanto algumas cidades do Brasil já voltaram às aulas, outras ainda sofrem com a demora ao regresso do ensino, uma realidade que Palmeirina, localizada em Pernambuco, está enfrentando.
Já se passaram dois anos desde o início da pandemia e, mesmo com uma situação aparentemente controlada, ela deixou rastros na vida dos brasileiros. Especialmente nas escolas públicas, a educação brasileira sofreu com a falta de resultados no aprendizado das crianças.
Desafios para os professores
Luciano Ferreira, professor de Língua Portuguesa e Literatura, expressa sua indignação e opinião sobre a educação de sua cidade. “A educação de Palmeirina já sofre defasagem com professores fora da área ensinando, falta de pagamento, a interrupção das aulas devido a pandemia e a falta de apoio aos professores na escola. Com isso a gente fica sem saber como ajudar os alunos, trabalhando com o mais fácil e isso faz com que desacelere o aprendizado do aluno”, afirma.
Questionado acerca do problema com analfabetismo no Brasil, o professor se mostrou preocupado. “O processo de alfabetização ainda é mais doloroso, porque envolve trabalhar com o alfabeto e junções de palavras. Na alfabetização sofremos mais, porque a perda é maior. O estudante não faz as atividades certas por mais que façamos salas de aula virtuais e tiremos as dúvidas por WhatsApp, fica muito restrito”, explica Luciano.
A Professora de “reforço” escolar, Joanize Alves que atende crianças de toda a cidade de Palmeirina, expressou a preocupação dos pais ao virem até ela para matricular seus filhos que estão tendo dificuldades em aprender a ler e escrever. Ela explica que “fica triste com a realidade que estamos passando, muitos pais vêm a mim com um olhar desesperado, vendo seus filhos crescerem sem aprender a ler ou escrever, isso dói. A pandemia atrapalhou muito. Pego crianças de doze e treze anos que não sabem ler ainda”.
Gestão Escolar
A atual Gestora da Escola Municipal Alonso Bernardo, Miriam Espindola, é pós-graduada em Psicopedagogia e trabalha com crianças de 10 a 15 anos. Por ter trabalhado durante a pandemia, a gestora pôde ver na prática como é estar em um ambiente escolar em um momento de crise.
Miriam aponta diversas dificuldades da cidade. “A nossa dificuldade é com os pais e o interesse deles no aprendizado dos seus filhos. (…) O número de matriculados caiu porque eles não motivam seus filhos a voltar para a escola”.
O problema relatado pela psicopedagoga é o mesmo que muitas escolas do Brasil estão enfrentando. De acordo com a Organização Todos Pela Educação, cerca de 244 mil crianças estavam fora das escolas no segundo trimestre de 2021.
De acordo com o site da Secretaria de Educação de Palmeirina, as competências gerais a quais eles se comprometem são Assegurar a profissionalização do professores e técnicos da área educacional, implementar a política para alfabetização de jovens e adultos e desenvolver projetos comprometidos com a melhoria do desempenho escolar dos alunos com distorção de idade-série.
Em comunicado, a Secretaria declarou que as aulas retornam na segunda-feira, 7 de março, depois de 2 anos sem aulas presenciais.