A Albânia se torna o primeiro país europeu a proibir totalmente o TikTok, seguindo preocupações com a segurança digital dos jovens.
Vefiola Shaka
O governo da Albânia tomou a decisão de fechar definitivamente a plataforma de TikTok em todo o país por 12 meses. A decisão foi anunciada no dia 6 de Março pela ministra de Educação e Esporte, Ogerta Manastirlliu, e entrou em vigor parcialmente no dia 13 de Março.
A decisão veio como consequência de um acidente que aconteceu em novembro do ano passado na capital do país. Martin Cani, um adolescente de 14 anos, foi esfaqueado por um colega na frente da sua escola. Acredita-se que os dois adolescentes tenham brigado no final do dia escolar após uma discussão nas redes sociais.
Depois de muitas consultas com os pais e alunos, o primeiro-ministro da Albânia, Edi Rama, anunciou na última conferência de 2024, que mais de 90% dos pais são a favor do encerramento do “TikTok”, por considerá-lo prejudicial para as crianças.
Opinião publica
Sofika Lako, uma adolescente de 14 anos, expressou sua preocupação com a plataforma e seus efeitos sobre os jovens dizendo que o TikTok não deveria ter sido banido como aplicativo, pois não é uma rede social ruim que traz prejuízos e não foi criada para tal, mas a culpa está na forma como a utilizam. “O TikTok pode ser perigoso para os adolescentes se não for usado com cuidado. Muitos colegas meus passam muito tempo usando e ficam viciados nisso”, comenta. Sofika finaliza dizendo que a plataforma pode afetar a saúde mental, os jovens e adolescentes podem tornar-se mais anti-sociais e a privacidade também pode ser violada.
Por outro lado, Vasilika Mihallari, uma cidadã albanesa, defendeu a decisão do governo. “Penso que é uma decisão acertada, que, por uma questão de verdade, deveria ter sido tomada mais cedo”, afirma. Segundo Vasilika esta rede social tornou-se um gatilho para o bullying online, trazendo consequências extremas a alguns jovens, levando-os ao homicídio ou ao suicídio. Vasilika comenta que as eleições eleitorais terão lugar em breve na Albânia e não estão relacionadas à decisão, mas tem a ver com a revolta de muitos pais após o assassinato de Martin Cani em novembro de 2024, devido aos desafios do TikTok e ao bullying online.
Resposta do TikTok e negociações
A própria plataforma se pronunciou imediatamente após o anúncio da proibição pelo governo, em dezembro, através de um comunicado afirmando que os vídeos que levaram ao esfaqueamento estavam sendo publicados em outra plataforma, não no TikTok, e que estava buscando esclarecimento do governo albanês.
Em janeiro deste ano, o primeiro-ministro se reuniu com Christine Grahn, diretora de relações governamentais e políticas públicas do TikTok para a Europa para discutir sobre a situação. Após a reunião não houve uma declaração, o que foi visto como uma indicação de que o governo poderia estar repensando sua posição sobre o veto à plataforma do TikTok.
Mas quando o governo anunciou a proibição, os partidos de oposição alegaram que a medida era motivada pela eleição parlamentar em 11 de maio.
A implementação e desafios técnicos
Após a decisão do governo, a Autoridade Nacional de Segurança Cibernética da Albânia (AKSK) ordenou que todos os provedores de internet do país enviassem uma confirmação por escrito sobre o bloqueio do aplicativo na Albânia até o dia 13 de março.
O processo inclui o bloqueio de endereços IP e servidores DNS relevantes vinculados ao aplicativo, assim como os endereços da empresa Byte Dance, que permite que os usuários naveguem no TikTok apesar da proibição. A AKSK informou que a implementação da proibição ocorrerá em fases e pode levar até 15 dias para ser totalmente eficaz.
A decisão da Albânia segue o exemplo de pelo menos 20 outros países que implementaram bloqueios totais ou parciais ao TikTok, motivados por preocupações com o conteúdo inadequado ou questões de segurança. Na Europa, há restrições no uso das redes sociais mas ainda não uma proibição total.