Protecionismo sobre o óleo de palma prejudica a economia global

In Economia, Geral
Óleo de Palma

Indonésia proíbe exportação do óleo mais rentável do mundo e a proibição prejudica a indústria brasileira.

Paula Orling

A Indonésia proibiu a exportação de óleo de palma no final de abril em decorrência da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. A commodity está presente em diversos produtos utilizados no cotidiano, como maionese, cosméticos, macarrão instantâneo, tintas para impressão e sorvetes. O chamado “maior protecionismo alimentar” pelos mercados está repercutindo na economia global.

O país é responsável pela exportação mundial de mais de 30% do insumo. Contudo, a partir do aumento desenfreado dos preços dos produtos e da escassez dos mesmos no mercado interno, a nação aplicou protecionismo alimentar sobre o óleo, com o propósito de perpetuar a existência do produto internamente.

Com a medida que é incentivada desde 2021, os valores do insumo já subiram mais de 50% nos últimos meses, de acordo com levantamento da Istoé Dinheiro.

A este respeito, a economista e educadora financeira Mariliane Caramão compara a situação econômica da Indonésia com a crise do arroz em 2021. “Os produtores preferiam exportar do que vender no mercado interno, era mais lucrativo. Isso fez o preço interno do arroz disparar. Esse é um exemplo de cenário no qual alguns governos optam por adotar medidas protecionistas para assegurar o preço interno”, comenta. 

O protecionismo econômico reestrutura a economia quando aplicado, mas gera impactos na cadeia de dependência produtiva. “Mesmo que num primeiro momento possa beneficiar o mercado interno, ele destrava uma série de contrapartidas que prejudicam a todos globalmente”, explica a economista. 

Preocupação global

O óleo de palma é “a oleaginosa de valor econômico mais produtiva que se tem conhecimento”, de acordo com a Associação Brasileira de Produtores de Óleo de Palma – Abrapalma.

Assim, a decisão protecionista do país do Sudeste Asiático aumentará os preços do produto e levará à falta do insumo nos países dependentes da importação. As Nações Unidas reforçam o pedido dos países que solicitam a permanência do comércio do óleo de palma. Entre os maiores importadores, estão Paquistão e Bangladesh, que importam quase 80% de seu óleo de palma da Indonésia.

Contudo, a Indonésia permanece firme em sua decisão e a Marinha do país interceptou barcos de exportação que estavam rumo aos Emirados Árabes e à Índia.

A Índia, maior importador de óleo de palma, compra da Indonésia 45% do que utiliza no país. O presidente da Associação de Extratores de Solventes da Índia, Atul Chaturvedi, destaca a crise econômica que o protecionismo alimentar gera para seu país. Ele explicou em coletiva que a situação é um “golpe duplo”, já que a decisão afeta não apenas a economia externa, mas também a própria Indonésia, a longo prazo.

Impacto para a produção brasileira

Apesar do impacto na economia global, o Brasil é menos afetado pelo protecionismo sobre o óleo de palma do que outros países, pois é o nono maior produtor mundial. Isso se dá porque o país produz cerca de 300 mil toneladas do produto anualmente, sendo a maior parte deste número provindo do território paraense, de acordo com a Abrapalma.

Contudo, a produção interna não é suficiente para suprir o consumo para produção brasileira, que demanda 500 mil toneladas anuais, de acordo com a associação. Em contraposição, a assessoria de imprensa da produtora Agropalma, afirma que apenas 5% do insumo utilizado no país é importado. A maior parte absoluta da produção é em solo brasileiro. 

You may also read!

Alta da carne e dos óleos eleva índice global de preços dos alimentos

Consumidores sentem no bolso o impacto da carne, apesar da queda de outros produtos. Vefiola Shaka  Os preços dos

Read More...

Presidente Lula sanciona lei que proíbe testes em animais para fins cosméticos

As autoridades sanitárias têm o prazo de dois anos para colocar em prática as novas medidas. Príscilla Melo O

Read More...

Sorteio define jogos das quartas de final da Copa do Brasil

Pela primeira vez na história, a Copa do Brasil terá dois clássicos regionais nas quartas de final. Felipe Torquato

Read More...

Leave a reply:

Your email address will not be published.

Mobile Sliding Menu