Próteses e outros mecanismos adaptáveis melhoram a qualidade de vida de animais que necessitam deles para sobreviver.
Lana Bianchessi
Ser impossibilitado de realizar atividades naturais e do dia-a-dia é uma realidade para animais com histórico de traumas físicos ou atitudes de pessoas mal intencionadas. Mas, tais circunstâncias podem e estão sendo revertidas quando é usada a tecnologia atual para fabricar próteses e materiais que permitem aos animais retomarem a movimentação.
A veterinária e zootecnista Maria Ângela Panelli, especializada em ortopedia de cães, gatos e animais silvestres contribui com essa realidade. “A melhora da qualidade de vida é gritante, você percebe agradecimento nos olhos e na feição dos animais, eles se sentem muito bem”, conta sobre a assistência que é dada aos seus pacientes.
Por que necessitam deste auxílio?
Nenhum animal escolhe passar por esse tipo de situação e os motivos costumam variar entre traumas sofridos por acidente ou apreensões por indivíduos que trabalham com o comércio ilegal de espécies.
De acordo com a Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), 38 milhões de animais silvestres são retirados ilegalmente das florestas brasileiras por ano. Essa maneira de retirada é nociva aos animais, porque quando capturados, eles sofrem diferentes agressões: são armazenados em gaiolas compartilhadas, lotadas e muitos acabam morrendo de desnutrição.
Outro ponto que traz preocupação é o nível de acidentes nas rodovias brasileiras que tem como estimativa que mais de 400 milhões de vertebrados silvestres são mortos atropelados todo ano, segundo a Confederação Nacional do Transporte (CNT).
Com isso, muitos deles acabam perdendo partes do corpo, contraindo doenças que prejudicam a locomoção ou suas funções básicas e, dessa forma, necessitam de auxílio externo para viver normalmente.
A vida com a prótese
Ao passar pela cirurgia, mesmo que a recuperação seja difícil e delicada, o animal é grandemente beneficiado e já se sente melhor.
A veterinária relata que é uma vida nova para eles, principalmente com a prótese de bico em aves, pois elas não conseguem se alimentar devidamente com o bico obstruído, e ao perceber a existência da prótese, imediatamente o animal começa a comer. “É muito gratificante ver essa modificação tão benéfica”, relata Maria Ângela.
Richard Lázaro de Moura, estudante de medicina veterinária e aluno de Maria Ângela diz que “as próteses são mágicas na vida desses animais que precisam delas e tanto antes como depois se nota uma necessidade de readaptação à nova realidade”.
Ele comenta que a tecnologia ajuda a produzir mais peças atualmente, já que antes não existia o recurso de usar a resina e impressora 3D, nem o conhecimento de fazer os moldes por meio de materiais mais modernos, como o termoplástico, um tipo de material artificial que pode ser remodelado quando submetido a altas temperaturas.
“Felizmente, a tecnologia está ajudando a desenvolver essas próteses e facilitar que elas sejam fabricadas em vários locais do Brasil, por vários profissionais diferentes”, afirma Richard.