Copom prevê novo reajuste na taxa Selic e investidores antecipam medidas.
Gabrielle Ramos
A mediana do relatório Focus para o IPCA de 2025, divulgado semanalmente pelo Banco Central, registrou alta pela décima sétima semana consecutiva. A projeção de 5,58% já supera o teto da meta, de 4,50%.
Para conter a inflação e mantê-la próxima da meta, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic de 12,25% para 13,25% no fim de janeiro. A expectativa é que o colegiado aumente os juros em mais um ponto percentual, chegando a 14,25% na próxima reunião, em março.
Diante desse cenário, investidores brasileiros reavaliam suas estratégias em busca das melhores oportunidades no mercado.
Expectativa para a economia
A taxa Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira, definida pelo Copom do Banco Central. Seu principal objetivo é controlar a inflação, influenciando o custo do crédito e o nível de consumo no país.
Com o aumento dessa taxa, os juros pagos pelo governo aos investidores que emprestaram dinheiro também sobem. Guilherme Pereira, investidor e consultor, explica que essa realidade faz com que o Brasil seja percebido como um país de maior risco, o que reduz o interesse de investidores estrangeiros e impacta negativamente os negócios listados na bolsa.
Como consequência, há um aumento na demanda por dólar e uma depreciação do valor internacional das empresas brasileiras. “Isso chama atenção do investidor nacional para investir mais no exterior a fim de ganhar com a alta do dólar”, complementa o consultor.
Impacto na renda variável
O jornalista especializado em finanças, Lucas Simões, destaca que este é um momento em que investidores de perfil mais conservador devem evitar ativos de renda variável. “Durante o ano, observamos uma queda generalizada nesses ativos, que são ações brasileiras, fundos imobiliários e ETFs”, ressalta.
Para Guilherme, investir em empresas em crescimento é como plantar uma árvore que levará tempo para dar frutos. No entanto, quando a taxa Selic está alta, o valor desses frutos no futuro diminui, pois o investidor pode obter um retorno significativo de forma mais segura, ao optar por aplicações atreladas à taxa.
Dessa forma, torna-se menos atraente assumir riscos ao investir em empresas que somente darão retorno ao longo prazo. “Isso diminui o interesse dos investidores e pode fazer com que as ações de empresas menores sejam mais impactadas”, afirma o investidor.
Ao mesmo tempo, esse cenário pode representar uma oportunidade para adquirir bons investimentos a preços mais baixos e construir patrimônio a longo prazo. “Existe uma máxima no mercado financeiro que diz, compre ao som dos canhões e venda ao som dos violinos”, destaca o jornalista.
Lucas recomenda que os investidores priorizem ações de setores mais resilientes, como bancos, seguradoras, companhias elétricas e saneamento básico. Por serem perenes, esses setores tendem a sofrer menos em momentos de instabilidade econômica e a se recuperar mais rapidamente em caso de queda.
Momento da renda fixa
Os especialistas afirmam que, em um cenário de Selic alta, os investimentos em renda fixa tendem a se destacar, especialmente os pós-fixados, como Tesouro Selic, CDB, LCA e LCI. Esse cenário pode beneficiar o investidor de longo prazo, especialmente aquele que sabe identificar boas oportunidades.
O consultor explica que, nessas condições, os títulos públicos passam a pagar juros maiores, tornando os antigos menos atrativos e diminuindo seu valor no mercado. Em contrapartida, quando a Selic cai, os títulos novos pagam juros menores, permitindo a venda com uma margem maior de lucro.
Por isso, ele recomenda buscar educação financeira e evitar seguir recomendações de investimentos. O ideal é filtrar aqueles que podem se beneficiar com a Selic alta e tomar decisões de forma autônoma, considerando a realidade pessoal de cada um.