A campanha de 2022 visa, além de auxiliar na prevenção ao suicídio, conscientizar as pessoas sobre a importância da vida.
Ana Júlia Alem
O DataSUS, uma plataforma do governo federal que contém informações relacionadas à saúde no Brasil, publicou uma pesquisa apontando que, entre 2011 e 2020, a taxa de mortes por suicídio aumentou 35%. Em 2020, foram totalizadas 12.895 mortes e durante a pandemia, o número subiu 4%, resultando em um aumento de 39%.
“A pandemia afetou a saúde mental de grande parte das pessoas, principalmente a dos jovens. A situação de estarem ‘presos’ em casa, isolados, longe dos amigos e da família impactou muito, então o aumento de casos de depressão e suicídio era esperado. Por isso, alguns métodos de prevenção, como a conscientização sobre a importância da vida precisavam e precisam ser tomados”, informa a psicóloga especializada em prevenção do suicídio, Anna Flávia Lima.
Em meio a esse cenário, no ano de 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), aliada ao Conselho Federal de Medicina (CFM), idealizaram a campanha Setembro Amarelo, que tem o intuito de conscientizar a sociedade sobre a importância da vida e auxiliar na prevenção ao suicídio por meio de eventos, debates e discussões sobre a importância de cuidar da saúde mental.
Para a psicóloga Anna, uma das maneiras mais efetivas de prevenir o suicídio é tendo acesso a informações de qualidade e confiáveis sobre o tema. Por isso a campanha é tão necessária, ela auxilia na divulgação em massa de informações a respeito do suicídio e sua prevenção. Dessa forma, as pessoas em sofrimento, ou quem está próximo, poderá estar mais preparado para identificar os sinais de alerta e formas de buscar ajuda eficaz.
Como identificar e ajudar quem está sob o risco de suicídio?
O indivíduo que precisa de ajuda expõe isso em forma de sinais e identificar essa situação é o primeiro passo para ajudá-la, de fato. São muitos os sinais, tais como: isolamento, sentimentos intensos de tristeza, desesperança, inutilidade, piora no desempenho acadêmico ou ocupacional e depressão profunda.
“Além desses, também pode-se perceber por meio de alterações extremas de humor do indivíduo, como excesso de raiva, ansiedade, irritabilidade, pessimismo e apatia”, conclui Anna Flávia.
A psicóloga especializada em prevenção ao suicídio, Mônica Quina, explica que após identificar a necessidade de ajuda, é possível auxiliar o indivíduo se mostrando empático, presente e paciente, demonstrando o quanto a vida daquela pessoa significa para as pessoas à sua volta, aumentando o contato dela com amigos e familiares, estimulando a prática de atividades prazerosas, além de o incentivar a buscar auxílio profissional.
A vida é a melhor escolha!
O lema da campanha de 2022 é “A vida é a melhor escolha!” e tem foco em mostrar o quanto a vida vale, mesmo com obstáculos e dificuldades. Ao longo deste mês, diversas instituições, empresas, escolas e universidades estão se mobilizando e realizando ações internas e externas para conscientizar e auxiliar mais pessoas.
Muitas ações já estão sendo desenvolvidas, tais como: caminhadas, palestras, pontos turísticos e edifícios públicos iluminados, distribuição de folhetos de conscientização e atendimentos em locais públicos.
Além de promover diferentes ações, a campanha Setembro Amarelo disponibilizou em seu site oficial, diferentes materiais de uso público para auxiliar a todos na jornada da prevenção ao suicídio.
Setembro Amarelo acaba, mas a campanha de prevenção ao suicídio não
“Com o fim do mês de setembro, é comum que as pessoas deixem de lado a causa, mas não é só durante o Setembro Amarelo que podemos ajudar quem precisa, pois não é ao longo do mês que as pessoas pensam em tirar ou tiram, de fato, a própria vida. Durante o mês todo, ano todo e vida toda devemos nos esforçar ao máximo para auxiliar pessoas que se encontram nessa situação”, afirma Mônica Quina.
A psicóloga conclui dizendo que além de todas as ações realizadas, é importante se atentar para disponibilizar informações corretas e de qualidade. Mas, acima de tudo, ser empático e coerente ao longo de todo o ano, para que a campanha não perca o sentido aos olhos das pessoas que precisam de ajuda.