Dia 21 de março é comemorado internacionalmente o dia da Síndrome de Down
Kawanna Cordeiro
A Associação Felicidade Down, localizada em Sorocaba – SP, foi criada há nove anos para estimular o relacionamento entre pessoas com a Síndrome de Down. Célia dos Santos, mãe de Bruna, sentiu a necessidade de incentivar o convívio da filha com pessoas semelhantes a ela. Com esse objetivo, a entidade nasceu e, desde então, se reúne aos finais de semana.
Graças à fundação, Bruna teve a oportunidade de namorar duas vezes. Sua história descontrói a ideia equivocada de que pessoas com down não podem ou não conseguem manter um relacionamento amoroso e sexual. “Muitos pais privam os filhos de ter relacionamentos dessa espécie pois não aceitam que eles podem e devem ter uma vida normal como qualquer pessoa. Por causa disso, os filhos não conseguem lidar comas possíveis relações”, explica Tomás dos Santos, um dos Idealizadores da fundação e pai de Bruna.
Existem níveis da síndrome que determinaram o grau de dependência em relação à família e, consequentemente, o tamanho da dificuldade em desenvolver uma atração física e afetiva por alguém. “Se a família não aceitar que há atração, nunca descobrirá que o down talvez não tenha tanta dificuldade como se imaginava”, relata a psicóloga Viviane Viana. Ela ainda ressalta que os pais precisam ter disponibilidade para se adaptar às necessidades e vontades naturais dos filhos.
Se o namoro resultar em casamento, o desligamento da dependência da família será maior. “Aquele que não tem o nível mais elevado da síndrome sente a necessidade de ser independente. Há autonomia para desenvolver uma vida normal”, conta. Em casos de maiores níveis da síndrome, o desejo de se desligar da família para criar um novo lar pode não chegar pois o down não desenvolve um vínculo afetivo suficiente para casar.
Entretanto, alguns vínculos sexuais são criados devidos aos desejos naturais do corpo. Isso dá espaço para outro mito que circula a síndrome: o boato de que eles possuem desejo sexual mais aflorado. A psicóloga refuta essa ideia. “Eles não têm clareza sobre alguns padrões que nós estipulamos como sociedade e que limita nosso comportamento”, justifica.
Para que a limitação seja desenvolvida nos downs, é preciso que haja orientação disponível para eles. A responsabilidade de orientar pertence aos pais. “Os pais não entendem que o filho é uma pessoa normal e que desenvolve desejos como todas as outras pessoas. Eles não falam de sexo com os filhos e isso acaba tirando deles a percepção do socialmente correto”, finaliza Tomás.
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