Especialistas afirmam que além de prejudicar a saúde dos tabagistas, prática também afeta os fumantes passivos.
Ana Júlia Alem
Segundo o mais recente relatório produzido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabagismo é uma das maiores causas de mortes e doenças nos dias de hoje. A prática mata em torno de 8 milhões de pessoas anualmente em todo o planeta. Esse número configura cerca de 7 milhões de fumantes diretos e 1,3 milhão de fumantes passivos (aqueles que ficam expostos à fumaça regularmente).
Além disso, o estudo mostrou que a sociedade enfrenta um desafio imenso, já que o mundo tem 1,3 bilhão de fumantes e 80% deles se concentram em países de média e baixa renda.
“Ao contrário do que muitos pensam, o tabagismo vai além de consumir cigarros. Ele é reconhecido como uma doença crônica causada pela dependência à nicotina, seja pelo uso de cigarros ou dispositivos eletrônicos, como cigarros eletrônicos, narguilé, vapes ou pods”, explica a pneumologista Sandra Ribeiro.
Riscos e consequências do tabagismo
A pneumologista afirma que as principais doenças causadas pelo tabagismo são cardiovasculares, respiratórias e câncer. “Os tabagistas têm cerca de quatro vezes mais chances de desenvolver pressão alta, aterosclerose e até mais riscos ter o chamado Acidente Vascular Cerebral, popularmente conhecido como ‘AVC’”, diz.
As doenças respiratórias mais comuns são asma, enfisema pulmonar, bronquite crônica e rinite, além de poder agravar doenças já presentes. De acordo com a médica, o tabagismo é responsável por 80% dos casos de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), considerada a segunda causa de mortalidade do mundo.
Também, a médica conta que fumantes assíduos têm mais chances de desenvolver câncer na traqueia, esôfago, pâncreas, rim, fígado, bexiga, estômago e no colo do útero de mulheres infectadas com o papilomavírus (HPV).
Um sergipano chamado de Maeed Menezes comenta que fuma há aproximadamente 11 anos. Segundo ele, ao decorrer dos anos, o corpo passou a apresentar sinais de cansaço, fraqueza física, ansiedade, e claro, o vício da nicotina.
A empresa farmacêutica multinacional americana Pfizer informa em seu site oficial que o uso contínuo de nicotina pode contribuir para o desenvolvimento de problemas de saúde como infertilidade, impotência sexual, mau hálito, menopausa precoce, dismenorréia (sangramento irregular) e redução de paladar e olfato.
Para fumantes passivos, aqueles que apenas convivem com a fumaça do cigarro mas não o utilizam, a médica explica que podem desenvolver os mesmos tipos de problemas de saúde que os tabagistas. “Em caso de gravidez, pode prejudicar o crescimento do feto e aumentar a chance de complicações durante a gestação ou parto. Já em crianças, existem mais chances de desenvolver problemas respiratórios e doenças cardíacas na vida adulta”, termina.
Perigos dos dispositivos eletrônicos para fumar
Assim como os cigarros, os dispositivos eletrônicos para fumar também estão na moda entre adultos e jovens. Eles são aparelhos que funcionam com baterias e possuem diversas formas e mecanismos, contém também aditivos com sabores, aromas e nicotina. “Eles podem ter o formato de cigarros, canetas ou pen drives”, explica o adepto à prática do fumo, João Victor Campos.
A pneumologista conta que, assim como os cigarros, os dispositivos eletrônicos podem acarretar problemas de saúde. Alguns deles são doenças respiratórias, cardiovasculares e problemas de saúde mental. “Um risco que poucos conhecem é que, quando manuseados inadequadamente, a bateria do aparelho pode superaquecer, causando explosões e queimaduras”, completa.
Além de danos à saúde do indivíduo, a utilização desses produtos impacta o meio ambiente, já que contém resíduos como cartuchos de e-líquido, cápsula e e-líquidos com substâncias tóxicas.
A médica explica que embora os aparelhos eletrônicos de fumar pareçam uma alternativa menos prejudicial em comparação ao tabaco convencional, eles ainda resultam em problemas sérios. “Se você procura não prejudicar a sua saúde, a melhor opção é evitar o uso de qualquer produto que contenha tabaco”, informa Sandra.
Conscientização e monitoramento
Há quinze anos, a OMS estabeleceu uma lista com diferentes medidas para combater o fumo. Porém, apenas quatro países cumpriram as metas, entre eles estão: Brasil, Turquia, Holanda e Ilhas Maurício. A organização afirma que o programa reduziu em 300 milhões o número de fumantes no mundo.
Algumas das medidas adotadas no Brasil, tais como:
- A proibição do ato de fumar em locais fechados, públicos e privados, pela Lei 12.546/2011;
- As embalagens dos cigarros se tornaram mais impactantes e informativas;
- A publicidade do tabaco foi proibida nos meios de comunicação;
- O patrocínio de marcas de cigarro foi vetado em eventos culturais e esportivos.