A campanha do Outubro Rosa tem o maior número de adeptos no meio esportivo.
Lucas Pazzaglini
Times de futebol têm aderido a campanhas de conscientização de um jeito diferente: através do seu uniforme. O movimento tem como objetivo chamar atenção para temas de relevância social através de uma paleta de cores e design diferenciado das camisas esportivas. Um exemplo disso é a camisa rosa, que faz alusão à campanha do Outubro Rosa.
O primeiro registro do movimento, como conta o portal Football Shirt Culture, é datado de 2007, quando o time inglês, Everton Football Club, lançou uma “Camisa da Caridade”, com a cor rosa sendo a predominante. Na época, várias funcionárias do clube haviam sido diagnosticadas com o câncer de mama, e por isso o time propôs a campanha de conscientização através do manto esportivo. Foram feitas 1000 peças e todo o dinheiro arrecadado foi doado para instituições que lidam com a doença.
Só no Brasil, mais de 13 times aderiram à campanha do Outubro Rosa este ano, lançando modelos novos de camisa exclusivos para o projeto. Um dos clubes que faz parte da proposta é o Fortaleza Esporte Clube, que em nota declarou seu apoio à ação. “O Fortaleza está na vanguarda novamente da moda, das texturas e das cores do futebol. Com isso, abraçando também uma causa nobre, o combate ao câncer de mama”, explica Bruno Bayma, Gerente de Projetos do time.
A moda e o esporte
A associação entre moda e esporte sempre gera repercussão, e ao fazer alusão a campanhas de conscientização, os efeitos são positivos. A consultora de comunicação, imagem e estilo, Gislaine Westphal, explica que “a função da moda é mostrar socialmente o que está acontecendo” e quando conectada ao futebol, um esporte que atinge diferentes classes sociais, as campanhas propostas alcançam grandes resultados.
Nesse sentido, Gislaine ressalta que as camisas dos times promovem a repetição do assunto, e assim o torna mais familiar. “A imagem representa muito, nem que fique no inconsciente. O espectador começa a ter um vínculo um pouco mais presente, começa a se familiarizar com o assunto, porque quanto mais eu vejo algo, mais eu aceito. No inconsciente a campanha traz a conscientização”, afirma.
Lizandra de Freitas é flamenguista e aderiu à campanha do Outubro Rosa proposta pelo seu time. Ela conta que o principal motivo da compra da camisa foi para a conscientização sobre o câncer de mama. “A camisa não é só uma peça de roupa, não é um enfeite, é uma causa. Através dessa roupa eu quero mostrar que eu não estou cega e, mesmo que pouco, eu quero ajudar de alguma forma”, comenta.
O retorno financeiro para os times que promovem as campanhas é significativo. A consultora de imagem comenta que “às vezes a gente acha que vestimenta é uma bobeira, mas ela mexe com tudo e faz parte de uma cadeia inteira”. Devido ao engajamento dos torcedores na compra dos produtos, os times continuam promovendo as ações.
O uniforme esportivo por vezes pode carregar apenas o símbolo do time, mas a comoção gerada por campanhas especiais traz à tona pautas relevantes e importantes. Lizandra concorda com a afirmação e ainda complementa: “não só comprei pra mim a camisa, comprei pra minha filha, para que ela, como mulher, também apoie desde já essa causa”, encerra.
Outras campanhas
As campanhas de conscientização não se restringem ao Outubro Rosa. Times como América-MG, Botafogo-SP, Figueirense, Santa Cruz e Vitória promoveram, esse ano, a camisa preta em prol da ação Consciência Negra Todo Dia. Segundo a Volt Sports, fornecedora oficial desses times, as camisas foram lançadas propositalmente antes do dia da Consciência Negra “para que o tema seja lembrado diariamente, fazendo jus ao nome da campanha”.
Além disso, as camisas também podem apresentar manifestações políticas, como no caso da seleção dinamarquesa que usará um manto monocromático vermelho como forma de protestar contra o Catar ser a sede do campeonato. A patrocinadora responsável pelos uniformes disse em nota: “Esta camisa carrega uma mensagem. Não queremos estar visíveis durante um torneio que custou a vida de milhares de pessoas. Nós apoiamos a seleção dinamarquesa em tudo, mas isso não é o mesmo que apoiar o Catar como um país-sede”.
Foto: Divulgação/Adidas