Vazamento de dados: culpa dos cookies ou dos usuários?

In Ciência e Tecnologia, Geral
Vazamento de dados faz parte do cotidiano dos brasileiros.

A preocupação com o uso indevido de dados pessoais na internet está no radar da maioria dos brasileiros, aponta pesquisa.

Camilly Inacio 

A preocupação com seus dados pessoais já levou 77% dos brasileiros que têm acesso a internet a desinstalar algum aplicativo, de acordo com uma pesquisa realizada em 2021 pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic). A pesquisa apontou que 56% das pessoas deixaram de utilizar algum serviço ou plataforma na web pelo mesmo motivo. 

Como ocorre a coleta de dados 

Se você possui acesso à internet, com certeza já deve ter se deparado com os cookies. Não aqueles biscoitos crocantes, mas os fragmentos de dados que são coletados, entre outros motivos, para melhorar a experiência de navegação do usuário. 

A empresa russa especializada em softwares de segurança à internet, Kaspersky, explica em um de seus textos que os cookies “permitem que os sites reconheçam os usuários e lembrem de suas informações e preferências de login individuais”, sendo esse o principal meio de coleta de dados de forma passiva na internet atualmente.

Além dos cookies, os próprios usuários também fornecem seus dados pessoais por meio de aplicativos e outros sites. A advogada Laura Zandavalle, pós-graduanda em direito digital e especialista em privacidade e proteção de dados, conta que, “de fato, diversos aplicativos coletam uma infinidade de dados e informações nossas: como as redes sociais”, exemplifica. 

No entanto, Laura explica que, os maiores responsáveis pelo vazamento de dados pessoais não são os aplicativos. A profissional esclarece que “a maior forma de roubo de dados ou invasão de contas se dá pelo “phishing”: mensagens que recebemos de números desconhecidos que enviam um link ou solicitam um código”, assim os criminosos acessam as contas para aplicação de golpes.

Preocupação dos usuários

A dona de casa, Ana Lúcia, nunca teve seus dados utilizados indevidamente, apesar disso, possui receio de fornecer seus dados em sites e aplicativos. Ela conta que tem um celular, mas usa poucos aplicativos. “Evito utilizar pois tenho medo dos meus dados caírem em mãos erradas. Sou muito desconfiada. Leio todos os termos de privacidade e jamais clico em qualquer link”, assume Ana.

De acordo com a pesquisa anteriormente citada sobre Privacidade e Proteção de Dados Pessoais realizada pelo Cetic, “motivados pela preocupação com o uso de seus dados pessoais 77% dos brasileiros já desinstalaram aplicativos, 69% deixaram de visitar algum website, 56% deixaram de utilizar algum serviço na Internet e 45% deixaram de comprar algum equipamento eletrônico”.

Proteção dos dados pessoais

No entanto, apesar do medo de que seus dados sejam utilizados indevidamente, poucos usuários tomam os cuidados devidos para proteção desses dados. A pesquisa do Cetic registrou que apenas 27% dos usuários entre 16 e 24 anos relataram ler integralmente as políticas de privacidade, por serem muito longas e difíceis de entender.

O Relatório do Índice de Inteligência de Segurança Cibernética da IBM, apontou que 95% das violações de segurança cibernética são causadas principalmente por erro humano. Para Laura Zandavalle, “o fator humano é o mais importante para evitar vazamentos ou utilização indevida de dados – portanto, a conscientização é fundamental”, instrui.

Por isso, Laura alerta que, “as melhores práticas de segurança ao alcance do cidadão comum são: evitar clicar em links ou mensagens enganosas e ativar a autenticação de dois fatores nos seus aplicativos.” 

A especialista pontuou, também, que é importante desconfiar de promessas de ganhos rápidos, de sorteios que você não participou ou ofertas de emprego que você não se candidatou. Além de nunca fornecer códigos de verificação ou senhas para terceiros.

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