Agressões emocionais minam a autoestima e levam muitas mulheres a um ciclo de sofrimento silencioso.
Eduardo Reymond
Segundo dados divulgados pelo Conselho Nacional de Justiça, três a cada 10 mulheres já sofreram algum tipo de violência doméstica. Do início do ano passado até setembro foram registradas 12 mil denúncias contra violência psicológica feminina. Estes dados refletem a realidade presente dos agressores entre as mulheres.
O abuso psicológico contra mulheres muitas vezes é sutil, o que dificulta a identificação por quem está de fora. A psicóloga Elisabete Eliandra explica que esse tipo de abuso se manifesta de diversas formas, incluindo, manipulação emocional, negligência, descrédito, desvalorização, controle excessivo, incompreensão, ameaças e isolamento social. Consequentemente, afeta a autoestima e a autonomia das vítimas.
Manipulação sentimental
Esses comportamentos buscam subjugar a mulher, fazendo com que ela perca sua identidade e confiança, tornando-se refém de um ciclo de violência que pode piorar. A psicóloga diz que muitas vezes o abusador disfarça seus atos com presentes e boas ações. “A vítima fica confusa se realmente deve se afastar de uma pessoa que ‘a faz tão bem’”, pois “a mesma mão que bate, é a mão que afaga”, declara.
Jenifer Lima, vítima desse tipo de chantagens emocionais, compartilha que “depois dele ter me conquistado e se apresentado como uma pessoa maravilhosa, fui manipulada a ter certos comportamentos. No final parecia que eu era a pessoa errada por não atendê-lo”, conta. Isso mostra que os sentimentos são usados para manipular as ações e exercer controle sobre a vítima.
Além do impacto emocional, essa violência pode desencadear transtornos como depressão, ansiedade e síndrome do pânico. Elisabete diz que as raízes emocionais e traumas são as principais causadoras de disfunções mentais, como ansiedade e depressão.
Busca por ajuda
O medo de punições leva ao isolamento social e à dependência emocional do agressor. Além disso, a violência psicológica pode ser o primeiro passo para a escalada da violência física, culminando em agressões graves e até feminicídios.
Por esta razão, o Ministério da Mulher e o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania reconhecem a vulnerabilidade das mulheres e incentivam a busca por ajuda por meio de programas e leis de proteção feminina. Um exemplo é o Disque 180, canal de denúncia de violência doméstica.