Suporte psicológico é o ponto de partida para contribuir com a diminuição de ataques nas escolas.
Isabella Maciel
Cinco pessoas foram esfaqueadas no dia 27 de março na Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, em São Paulo. Dentre as pessoas, uma professora morreu e quatro ficaram feridas. O ataque aconteceu devido a uma briga em sala na semana anterior, um mês após o governo ter suspendido o atendimento psicológico nas escolas estaduais de São Paulo.
O programa Psicólogos na Educação foi iniciado em fevereiro de 2021 pelo governador João Doria, mas foi suspenso no dia 25 de fevereiro por conta da modalidade do programa que era online e o desejo de implantar o programa de forma presencial.
Embora a Lei federal 13.935, obrigue o poder público a assegurar o suporte psicológico nas redes públicas de ensino desde 2019, as escolas continuam sem suporte desde fevereiro. Segundo a assessoria da secretaria, os atendimentos serão retomados, presencialmente, a partir de maio.
O secretário da educação, Renato Feder, afirmou que já está no cronograma da Secretaria da Educação a contratação de 150 mil horas de atendimento psicológico e psicopedagógico para as escolas estaduais. “O processo está na cotação de preços, e mais algumas semanas vamos fazer essa licitação, já estava no planejamento isso para o atendimento presencial”, afirma o ministro.
Qual a importância do psicólogo escolar?
Os casos de violência nas escolas ocorreram no início deste ano e causam um alerta. Com isso, as instituições têm tomado suas providências, como colocar policiais nas entradas, detector de metais, entre outras atitudes. Outro aspecto que está sendo discutido, é a saúde mental nesses ambientes.
Murillo Lima, psicólogo especializado em atendimento escolar, conta que a presença de um psicólogo nas escolas pode ajudar a minimizar o risco de adoecimento mental e violência. “A gente tem percebido e visto um cenário de constante violência nas escolas brasileiras, por isso o psicólogo se faz importante nesse contexto”, afirma o especialista.
Crianças e adolescentes podem passar por problemas que, muitas vezes, os pais e educadores nem imaginam. Maria Clara, estudante da ETEC Professor André Bogasian, relata que “tem muitos casos pela escola de pessoas que tentaram se suicidar ou que estão em depressão, não vão para aula. Inclusive tem uma menina na minha sala que esses dias cortou o braço todo”, relembra a estudante.
Como o trabalho é desenvolvido?
Murillo conta que o formato de atuação do psicólogo na escola em que trabalha não é clínico, pois tem uma vertente mais preventiva e atua de forma coletiva. “Meu trabalho é direcionado a aprendizagem socioemocional. Entro nas turmas fazendo dinâmicas, ou jogos fortalecendo o aumento da autoestima, autoconhecimento, técnicas de manejo da ansiedade, e estresse”, relata.
Além do trabalho com a autoestima, os psicólogos também ajudam com o direcionamento do futuro dos estudantes. “Por trabalhar em uma escola com ensino médio, eu acabo trabalhando com eles também na parte de orientação profissional de carreiras”, acrescenta Lima.
O trabalho realizado pelos psicólogos é, em muitos casos, valorizado pelos estudantes, que se sentem ouvidos e guiados por esses profissionais. “A psicóloga do colégio é muito boa, ela me ajudou bastante, principalmente em questão de amizade e me ajudou a resolver problemas pessoais”, finaliza Juan Pablo, estudante do Ensino Médio.