A doença que afeta Lady Gaga atinge também cerca de 3% da população brasileira e está concentrada na musculatura do corpo
Amilly Caroline Diniz
No dicionário, a fibromialgia é definida como uma dor que ocorre nos tecidos fibroso e muscular de diferentes partes do corpo. Ela ocorre com mais frequência nas mulheres e tem origem desconhecida. Eduardo Paiva, reumatologista e chefe do Ambulatório de Fibromialgia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, afirma que a cada dez pacientes que possuem a doença, nove são mulheres. “Não se sabe a razão porque isto acontece. Não parece haver uma relação com hormônios, pois a fibromialgia afeta as mulheres tanto antes quanto depois da menopausa”, analisa.
A enfermeira Gilda Souza conta como descobriu que tinha a doença. “Em 2010 estive no médico por ter dores no corpo todo. Depois de muitos exames não constatarem nada de errado, fiz o exame físico. Foi quando o médico disse que eu tinha fibromialgia”, revela. Para Irene Rodrigues, o diagnóstico veio ainda quando criança. “Eu estava lavando louças em casa, tinha uns nove anos e comecei a sentir muita dor. O médico apertou as articulações e já disse que eu tinha o problema. Se não quero sentir dor não posso fazer movimentos repetitivos, mexer muito tempo com água ou ficar em pé por muito tempo”, observa.
“Dores pelo corpo todo, de caráter migratório, afetando as áreas próximas as articulações sem, contudo, apresentar inflamações articulares”, caracteriza Selma Merenlender, presidente da Sociedade de Reumatologia do Rio de Janeiro. Como a dor é constante, é preciso encontrar um jeito de amenizar os efeitos da mesma. Selma explica que a doença tem forte relação com a depressão, insônia, síndrome do intestino irritável, enxaqueca, entre outros. “Como tem íntima relação com a depressão, o tratamento da mesma traz alívio dos sintomas musculares e, associados a exercício físico e psicoterapia, o paciente pode ficar curado da fibromialgia”, aponta.
Prisão de ventre, hiperatividade, ansiedade, cansaço constante, perda de memória e pernas trêmulas também são sintomas da fibromialgia, e Irene conhece bem. “Não posso ficar mais de 15 minutos fazendo a mesma coisa. Já tomei muitos remédios e eles são fortes, são antidepressivos. Se eu deixar de tomar sinto muitas dores. Mesmo que eu tome remédio à noite, de manhã acordo com dor”, relata. Gilda optou fazer o tratamento por métodos naturais. “Queriam me dar muita medicação inclusive para dormir. Não me agradou ter que usar tantos remédios pelo resto da vida. Procurei tratamento alternativo, fiz muitas mudanças na minha vida e assim consegui administrar melhor as dores”, explica. Há pesquisas que apontam a fibromialgia como uma síndrome, a presidente da Sociedade de Reumatologia do Rio de Janeiro discorda. “Por definição, doença é qualquer agravo à saúde, e a fibromialgia pode ser enquadrada como tal”, argumenta Selma.
Foto: https://goo.gl/iFgHMQ