23% dos brasileiros dizem não ter comida suficiente em suas casas

In Economia, Geral

O otimismo em relação ao governo atual atinge 32% entre os beneficiados do bolsa família, e 60% pensam em situações de um futuro próximo melhor. 

Davi Sousa

O número de famílias com comida insuficiente atingiu, em março, o menor índice da taxa desde a criação da série de pesquisas, que começou em 2021. Um quarto dos entrevistados diz não ter comida em suas casas. Essa falta de comida é a realidade de mais de 23% dos brasileiros, mas se comparado com os índices de outubro de 2022, houve uma oscilação, já que esse número era de 24%. 

O maior pico ocorreu em julho do ano passado, quando 33% dos entrevistados diziam não ter comida suficiente. Esses dados são verificados pelo último estudo do Datafolha, que recolheu informações de mais de 2.028 de pessoas com mais de 16 anos. A pesquisa foi feita entre os dias 29 e 30 de março de 2023 em mais de 126 cidades.

Para os entrevistados que são beneficiados com programas governamentais, como o Bolsa Família, a margem de erro é de quatro pontos, para mais ou para menos. Entre os que não recebem o benefício, a margem de erro é de três pontos.

O que leva a falta de comida para esses brasileiros?

A fome no Brasil é uma realidade para milhões de brasileiros, segundo um estudo feito pela Organização das Nações Unidas (ONU) para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Ele mostrou que 15 milhões de brasileiros estão passando fome. Por outro lado, uma pesquisa da Rede Penssan estimou que 33 milhões encontram-se em situação de insegurança alimentar no país, enquanto a FGV Social alegou que seriam 23,3 milhões.

Em julho de 2022, após a pandemia e descaso público pelos projetos sociais, o Brasil voltou ao mapa da fome mundial, oito anos após ter saído do mapa da fome da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2014. A saída aconteceu por meio de estratégias de segurança alimentar e nutricional aplicadas desde meados de 1990.

Naquele ano, o Brasil tinha conseguido sair dessa classificação, o que representava uma evolução. Porém, segundo os números divulgados, desde 2018, o país está de volta ao mapa da fome, após a divergência de gestão de projetos estabelecidos anteriormente, como o bolsa família que passou a se chamar Auxilio Brasil.

Um país entra no Mapa da Fome da FAO quando mais de 2,5% da população enfrentam falta crônica de alimentos. A fome crônica no Brasil atingiu agora 4,1%.

O representante da FAO no Brasil, Rafael Zavala, que concedeu uma entrevista ao Jornal Nacional, diz que é preciso que o governo invista em políticas que tragam soluções permanentes no combate à fome.

Segundo a sondagem feita pelo Datafolha, a falta de alimentos em quantidade suficiente ocorre mais entre as mulheres (27%), os moradores da região Nordeste (30%), os que votaram no presidente Lula (27%) e os beneficiários do Bolsa Família (23%).

Para a mestre em serviço social, formada na universidade de Coimbra, Gabi Barbatti, os serviços sociais prestados pelo governo em prol da população são extremamente importantes para a saída desses 23% dos brasileiros com comida escassa. “Penso que para ocorrer esse avanço é necessário responsabilidade e acredito que as políticas sociais contribuem para uma emancipação do indivíduo, que muitas vezes pode não ser alcançada sem uma intervenção pública de políticas sociais”, ressalta a assistente social.

O Bolsa Família, atualmente, transfere aos beneficiários um valor mínimo de R$600 e inclui o pagamento de R$150 por criança de até seis anos. O programa abrange cerca de 21 milhões de famílias.

Para a dona de casa e mãe solo de quatro crianças, da faixa dos três aos nove anos,Rosana de Sousa, diz que o Bolsa Família é um grande aliado para o sustento de sua família. “Fiquei um ano sem receber o benefício por conta dos cortes governamentais, e passei por um tempo muito difícil, onde não tinha um pão no armário. Tive que recorrer a ajuda sociais de igrejas, mas hoje recebendo novamente vejo que meus filhos podem viver bem”, completa.

Otimismo econômico político

Segundo a continuação dos estudos publicados pelo Instituto Datafolha, a popularidade política do governo federal referente às políticas econômica e monetária varia. 26% dos entrevistados relataram que acreditam num futuro declínio econômico nos próximos meses. Por outro lado, 60% dos eleitores do presidente Luiz Inácio da Silva(PT) acreditam que o governante age certo em suas escolhas na priorização em projetos sociais e pressiona o Banco Central para a queda de juros.

Atualmente, a Selic está em 13,75%. Esse cenário vem prejudicando possíveis iniciativas que promovam o crescimento econômico.

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