São Paulo liderou o número de inadimplentes, com 16.072.592. Roraima foi o estado com menos endividados, 214.557. Confira aqui se seu nome está na lista.
Fernanda Reis
Segundo dados do Serasa, o Brasil registrou um total de 67,9 milhões de inadimplentes em agosto deste ano, o maior número de endividados desde 2016, quando o levantamento começou. Bancos e cartões são responsáveis pela maioria das dívidas, 28,8% do total.
Contudo, a instituição ressalta que o mês registrou um elevado número de negociações de dívidas, que chegou a 2,8 milhões de débitos, o que deu um freio ao crescimento das dívidas em atraso.
O que está acontecendo?
De acordo com a economista Juliana Gonçalves, um dos fatores que tem contribuído para alto número de brasileiros endividados seria a falsa ideia do alto poder de compra que se dá após receberem benefícios como o saque do FGTS, antecipação do 13° salário, o aumento de crédito no mercado e auxílios diversos. “Com a alta inflação e a falta de planejamento financeiro e da formação de uma reserva de emergência, essas famílias se comprometem de tal forma que não conseguem honrar seus compromissos”, afirma.
Esta é a realidade da Pedagoga Alice Santos, que está com nome negativado por ter usado o Cartão de Crédito, ter ficado desempregada e não conseguir quitar as dívidas. “O Cartão de Crédito é um caminho sem volta. Quando o dinheiro em espécie acaba, a alegria de ter limite no cartão é boa. Passa as coisas quem nem pensa no mês que vem, mas depois vem as consequências”, conta. Alice tentou uma negociação, no entanto as parcelas ainda estavam altas e não conseguiu manter em dia o pagamento.
Fato também vivenciado pela universitária Mylena Silva. A estudante pagou três parcelas da faculdade no crédito, acreditando que depois teria o dinheiro, no entanto, não está conseguindo pagar as faturas. “O cartão me deu uma falsa segurança que lá na frente eu teria o valor, no entanto, não saiu como o planejado, agora é correr atrás do prejuízo”, declara.
Qual a solução?
Para a economista, os brasileiros compreendem pouco sobre o funcionamento das empresas de serviço de proteção ao crédito, como SPC, SERASA, assim como sobre educação financeira.
Com o orçamento mensal apertado, o brasileiro tem recorrido ao parcelamento das dívidas, no entanto Juliana adverte: “Nem sempre o parcelamento máximo é a melhor saída, se houver cobrança de juros, por exemplo, pode não ser vantajoso, é preciso analisar as opções e verificar as vantagens e se está dentro do perfil adequado de cada indivíduo”.
A economista ainda salienta que ao parcelar no cartão de crédito, é preciso analisar se o valor da parcela cabe no orçamento, prever gastos emergenciais e nunca pagar o mínimo da fatura, pois os juros são muito altos.
“É necessário, além de conhecer bem as receitas e despesas pessoais, planejar com cautela os gastos, não esquecer a reserva de emergência, poupar e sempre que possível procurar efetuar pagamentos à vista, pois há possibilidade de bons descontos”, finaliza.