O que aconteceu no Equador?

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Após dias de agitação, o presidente do Equador, Lenín Moreno, concordou em interromper o pacote de austeridade no dia 13 de outubro, mostrando a força política dos grupos indígenas no país

Adalie Pritchard


Após dias de agitação, o presidente do Equador, Lenín Moreno, concordou em interromper o pacote de austeridade no dia 13 de outubro, mostrando a força política dos grupos indígenas no país. O pacote, conhecido como Decreto 883, incluiu um forte aumento nos custos de combustível, o que levou a manifestações populares. Segundo a ouvidoria equatoriana, sete pessoas morreram nos protestos, 1340 foram feridas e 1152 foram presas durante a agitação que durou mais de duas semanas.

As nacionalidades indígenas do Equador representam apenas um décimo da população de dezesseis milhões, mas compõem a maioria de manifestantes, já que eram os mais afetados pelo aumento de custos da gasolina e de impostos em equipamentos eletrônicos, diminuição do tempo de férias, entre outras medidas controversas. 

O preço da gasolina, por exemplo, aumentou 123%. A equatoriana María Gabriela Gualan explica o impacto da medida sobre a economia do país: “não só as passagens subiram, mas a comida, roupa e absolutamente tudo”.  Ela conta que muitas pessoas abusaram da situação para vender produtos a preços exagerados. “Uma penca de banana da terra, que normalmente custa cinco dólares, era vendida a cinquenta”, reclama.

O equatoriano Jonathan Fernandez opina que tirar o subsídio era um bom caminho. “De qualquer jeito, Equador tem que pagar sua dívida. O subsídio é um presente que o Estado faz para o povo. A gente não pode exigir que isso seja eterno, porque, em algum momento, vamos ter que pagar pelo que consumimos. Espero que não tenha repercussões no futuro e que o novo decreto consiga quitar a dívida e manter o povo satisfeito, o que é o mais difícil”, considera. 

Muitas pessoas aproveitaram a situação para ajudar a outros, como a jovem Mónica González, que saiu com sua família a auxiliar os manifestantes feridos por bombas. Eles doaram medicamentos, panos para proteção de rosto e melhor respiração, alimentos e água. Também se encarregaram de explicar como agir quando a polícia atacasse, já que acontecia durante a noite e até em zonas de paz. “O importante é ajudar com tudo o que esteja a nosso alcance e não ficar de braços cruzados”,  expressa Mónica. Ela enfatiza que “pode ser que nem todos tenham concordado na política, mas, quando chega o momento de nos unirmos, o importante é ajudar ao outro”.

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