Doação de órgãos, um gesto de amor

In Geral, Saúde

No Brasil, as famílias são responsáveis por optarem pela doação de órgãos do falecido.

Gustavo Montejano

O maior programa público de transplante de órgãos está no Brasil. Por meio do SUS, que efetua 88% do financiamento de todos os transplantes no país, milhares de pessoas que necessitam de um coração, de um rim ou um fígado, podem ser beneficiadas e custeadas pelo estado.

Porém, a pandemia prejudicou esse serviço. O número de doadores por milhão de pessoas caiu de 18,1 em 2019, para 15,1 em 2021. Com isso, a fila de espera aumentou de 46.105 para 54.964 pessoas, conforme o Ministério da Saúde.

Outros motivos também diminuem o número de doadores, como a negativa familiar do falecido em doar os órgãos. Cerca de 40,7% de 6.341 entrevistas familiares foram negativas para doação no ano de 2021. No momento de tomar essa decisão os entes queridos consideram sua respectiva religião, a decisão do falecido e outras questões, como o conhecimento sobre esse assunto e sua importância. 

Uma nova vida 

Douglas Alves de Abreu, de 37 anos, é um dos beneficiados pela doação de órgãos. Ele explica que já passou por dois transplantes de fígado, por decorrência de um problema hepático chamado Colangite Esclerosante Primária.  “Descobri a doença em 2007, transplantei em 2012. Em 2014 a doença voltou e fiz retransplante em 2016”, comenta.

Ele explica que ficou durante cinco anos na fila de espera para o primeiro transplante e, no retransplante, esperou dois anos. Atualmente, com sucesso no retransplante, usa em sua rotina certos medicamentos e cuidados para se manter saudável. “Hoje tomo alguns medicamentos, como imunossupressor para evitar rejeição, e outro para ajudar nas funções do fígado, além de reposição de alguns minerais”, explica.

Seja um doador

Para que uma pessoa possa ser doadora, seja de sangue, medula óssea, órgãos ou outras partes do corpo humano, é necessário ter alguns pré-requisitos, ser alguém clinicamente saudável, além de ser compatível com quem precise. 

Para doar ainda em vida, basta ter, no mínimo, 18 anos, estar disposto e em condições adequadas, para então consultar um médico e realizar os exames necessários. O interessado também pode se cadastrar no site da Aliança Brasileira pela doação de Órgãos e Tecidos (Adote) para receber uma carteirinha.

Quando declarado em estado de óbito, a decisão é inteiramente da família com até segundo grau de parentesco do falecido. Portanto, é essencial deixar clara a decisão de doar para que sua família autorize por escrito a retirada dos órgãos.

Assim como Douglas de Abreu, muitas outras pessoas podem ter a oportunidade de ter uma nova vida graças a esse gesto de amor ao próximo. Ele explica que também será um doador e incentiva que quem quer ser doador, avise aos familiares e deixe sua vontade explícita. “Doar é um gesto de amor muito grande”, ressalta.

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