O vírus de Marburg: saiba mais sobre o vírus primo do ebola

In Geral, Saúde

OMS alerta que o risco de dispersão é baixo internacionalmente, e a taxa de mortalidade da doença é de 88%.

Cristina Levano

Na Guiné Equatorial, onze pessoas morreram e 48 pessoas estão em acompanhamento por causa do vírus de Marburg. A doença é um filovírus transmitido por morcegos da mesma família do Ebola e faz parte de um grupo de vírus que pode causar febres hemorrágicas, que são mais letais do que outras doenças, como dengue e febre amarela.

A enfermidade tem ação rápida e pode causar a morte em poucos dias. Isso acontece com um período de incubação de dois ou mais dias e uma taxa de mortalidade entre 24% e 88%, dependendo da cepa infectada e dos cuidados médicos recebidos pelo paciente. 

Transmissão 

Embora os vírus Marburg e Ebola sejam distintos, ambos pertencem à família Filoviridae e possuem características clínicas semelhantes. No caso do Marburg, é principalmente transmitido por morcegos frugívoros, que são os hospedeiros naturais do vírus. Uma vez transmitido aos humanos, o vírus pode ser disseminado pelo contato direto com fluidos como sangue, saliva, vômito e urina ou pelas superfícies e materiais que tenham sido contaminados.

Para evitar que o surto progrida com rapidez, colocar os infectados em isolamento imediato é fundamental. A médica Cláudia Mello informa que para prevenir as comunidades de futuros rebotes, é importante avaliar o local do surto para ver se tem alguma atividade laboral que esteja deixando as pessoas mais expostas ao vírus e explicar como elas devem se cuidar.

Da mesma forma, a infectologista complementa dizendo que é importante ter em consideração o modo de sepultamento, de velamento desses corpos, porque o contato com o corpo contaminado pode ser uma possível fonte de infecção.

Sintomas e tratamento

Os sintomas são parecidos com os da dengue. O paciente começa subitamente com muita dor de cabeça, febre e dor no corpo e até hemorragia. Também pode causar dores musculares, diarreia severa, dor abdominal, cólicas, náuseas e vômitos, que geralmente acontecem a partir do terceiro dia. 

A Dra. Elena Amaral conta que os pacientes “podem ter manchas no corpo, como se fossem pequenas pintinhas ou hematomas. Além disso, os olhos da pessoa podem ficar avermelhados, ter sangue nasal na boca, gengiva, nas fezes ou urina. Todos esses sintomas evidenciam uma fase agravada da doença”.

Cláudia Mello explica que, lamentavelmente, ainda não existe vacina contra a doença, mas já existem tratamentos indicados para os casos, dentre eles: remédios para aliviar a dor, conter a hemorragia e hidratar o paciente. “Outra coisa que pode evitar mais complicações durante a infecção, é a alimentação saudável”, termina.

Não é um vírus novo

A doença leva o nome de Marburg pelos dois grandes surtos que ocorreram simultaneamente em Marburgo e Frankfurt (Alemanha). Também houveram outros grandes surtos em Belgrado e Sérvia, em 1967, foram eles que fizeram com que a doença fosse identificada. Além disso, os surtos foram associados ao trabalho de laboratório em macacos verdes africanos (Cercopithecus aethiops) importados de Uganda. 

Posteriormente, foram notificados surtos e casos esporádicos em Angola, Quênia, República Democrática do Congo, África do Sul, por uma pessoa que havia viajado recentemente para o Zimbábue e Uganda.

Em 2008, dois casos separados foram relatados em viajantes que haviam visitado uma caverna habitada por colônias de morcegos Rousettus, em Uganda. 

Baixo risco

Segundo a OMS, a taxa de mortalidade poderia ser muito menor se os pacientes fossem devidamente atendidos, mas ainda assim o risco de se espalhar pelo mundo é baixo. A infectologista Elena Amaral, explica que diferentemente do Covid-19, os sintomas do Marburg são bem agressivos desde o começo.

“Se uma pessoa tem o vírus (Marburg), entre as 24 e as 48 horas a pessoa já apresenta sintomas. O sangramento começa precocemente, perde as condições físicas sem conseguir se manter em pé e andar. Porém, os infectados têm que ser isolados imediatamente”, argumenta a infectologista.

Por isso é muito comum ter surtos em redutos de cidades em locais da África, dentro de uma mesma casa, família, mas não se espalhar por outros países, fazendo que a chance de disseminação seja bem menor,” finaliza a doutora.

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