Professores têm dificuldade com o uso da tecnologia na sala de aula

In Educação, Geral

A pesquisa British Council mostrou os principais obstáculos para o uso da tecnologia em sala de aula.

Diogo Cruz

Um estudo do British Council – uma organização internacional do Reino Unido dedicada a relações culturais e oportunidades educacionais – revela que a formação docente é um dos principais obstáculos para o uso da tecnologia em laboratórios e salas de aula. Esse desafio é agravado pelos problemas de infraestrutura enfrentados pelas escolas brasileiras.

Os dados foram coletados no estudo “O ensino de ciências da natureza e suas tecnologias na educação básica brasileira – um panorama entre os anos de 2010 e 2020, realizado em parceria com a Fundação Carlos Chagas e lançado recentemente. Essa pesquisa bibliográfica e documental tem como objetivo identificar e descrever aspectos fundamentais para o desenvolvimento da educação STEM (ciências, tecnologia, engenharia e matemática, em inglês).

De acordo com levantamento, mais de 100 mil professores brasileiros da educação básica participaram de uma autoavaliação disponibilizada pelo Centro de Inovação para a Educação Brasileira (Cieb) em seu site. Os resultados revelaram que a maioria desses professores não se sente capacitada para utilizar a tecnologia além do que já fazem em suas vidas pessoais.

Infraestrutura nas escolas 

A pesquisa destaca outra barreira relacionada à formação dos professores: a falta de habilidade em utilizar a tecnologia para o próprio desenvolvimento profissional, como realizar cursos online ou autoavaliações online. Essa competência precisa ser desenvolvida para que as ações de gestão educacional possam produzir resultados mais efetivos, conforme apontado no estudo.

Em relação à infraestrutura, dois principais desafios prejudicam as escolas brasileiras: a baixa conectividade, um desafio considerável dada a extensão territorial do Brasil, e a dificuldade de acesso a computadores, tablets e outros dispositivos tecnológicos. O documento destaca que, em média, os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) possuem cinco alunos por computador, enquanto no Brasil esse número chega a 35 ou mais. A pesquisa ressalta que a formação continuada dos professores é uma questão crucial para um bom ensino de ciências, visto que a área está em constante evolução com novas descobertas.

Diana Daste, diretora de Engajamento Cultural do British Council Brasil, enfatiza que o ensino de STEM tem passado por mudanças rápidas e que o British Council busca compartilhar as boas práticas do Reino Unido nesse campo, incentivando intercâmbios e parcerias com o Brasil. A pesquisa desempenha um papel importante ao promover reflexões e diálogos entre profissionais e pesquisadores sobre políticas públicas voltadas para o ensino de ciências e tecnologia.

Tecnologia e Modernidade 

A tecnologia e a modernidade têm um papel significativo no avanço do ensino e aprendizado, especialmente nas áreas de ciências da natureza. No entanto, um estudo recente revela que essa integração ainda não foi efetivamente alcançada na educação. O levantamento aponta uma tendência levemente declinante no número de matrículas em cursos de licenciatura em ciências da computação entre 2015 e 2019. As maiores quedas foram observadas nas universidades estaduais e privadas, com reduções de 14,5% e 21,9%, respectivamente, enquanto as instituições federais registraram um aumento de 104,8%.

A professora Elaine Cristina, que ministra aulas de tecnologia em escolas estaduais, relata que a escola em que trabalha oferece um bom incentivo ao uso da tecnologia. “Temos uma sala de informática equipada com computadores, notebooks, tablets e acesso à internet, tudo para auxiliar nas aulas”, afirma.

Ela ressalta a importância desse incentivo para os alunos, destacando que a tecnologia é uma ferramenta indispensável no processo educacional atual. Ela permite inovações no ensino, aumenta o engajamento dos alunos e simplifica a transmissão de conteúdos.

No entanto, quando analisamos a realidade geral das salas de aula, fica evidente a necessidade de modernizar o ensino de ciências no país, como constatado pela pesquisa. Alguns pontos críticos incluem o acesso limitado a materiais de laboratório e os desafios enfrentados pelos professores ao introduzir e desenvolver a alfabetização científica na rotina escolar.

Na sala de aula 

Pedro Santos, estudante de Psicologia, destaca que o uso da tecnologia é necessário em todas as áreas da vida, mas desempenha um papel fundamental na educação, não apenas na didática da aprendizagem, mas também na preparação das gerações presentes e futuras. Ele ressalta a importância de as escolas e universidades assumirem a responsabilidade de orientar o uso da tecnologia e sua aplicação em prol de um ensino mais eficaz.

Em resumo, a tecnologia e a modernidade têm um potencial significativo para impulsionar o ensino de ciências, mas é necessário um maior investimento na formação docente, infraestrutura adequada e orientação adequada para garantir que a tecnologia seja efetivamente utilizada na sala de aula.

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