Nômades digitais: a junção de férias e trabalho

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Segundo o Relatório Global de Tendências Migratórias 2022 da Fragomen, é estimado que até 2035 existam cerca de 1 bilhão de nômades digitais.

Ana Beatriz Toyota

Trabalhadores que exercem suas profissões no meio digital enquanto viajam pelo mundo. Esse é o conceito do nomadismo digital. A Fragomen, empresa especializada em migração, declara que atualmente existem cerca de 35 milhões de pessoas que adotaram esse estilo de vida. A expectativa é de que esse número continue crescendo. Com o constante aumento dos trabalhos em modalidade home office, estima-se que, até 2035, existam cerca de 1 bilhão de nômades digitais. 

Atualmente existem pelo menos 23 países que possuem visto especial para pessoas que vivem o nomadismo digital. Entre eles estão a Islândia, Espanha, Costa Rica, Bali, Grécia, Argentina e, agora, o Brasil. O Conselho Nacional de Imigração regulamentou a concessão de visto temporário para os trabalhadores que se encaixem nas normas e queiram residir no país por um tempo determinado. 

O Brasil para os nômades digitais

No Brasil, cidades como São Paulo e Rio de Janeiro já adotaram meios para atrair os trabalhadores digitais. Desde janeiro de 2021, a cidade lançou o Rio Digital Nomads, um projeto para tornar a capital fluminense mais atrativa para esse público. Além de ampliar a cobertura de internet 5G, a cidade também conta com a infraestrutura de cafés que funcionam como escritório para aqueles que trabalham no meio digital.

Uma iniciativa lançada pelo Ministério da Justiça, em conjunto com o Ministério das Relações Exteriores, foi lançada em 2021, com o objetivo de entregar vistos mais fáceis para aqueles que provarem ser nômades digitais. Os vistos têm duração de um ano com oportunidade de prorrogação por mais um ano, dependendo da necessidade do viajante. 

A jornalista Hellen Piris é nômade digital e atualmente mora no Rio de Janeiro. Sobre os ajustes realizados para melhor atender os nômades digitais, ela afirma, “O Rio ainda tem muito a desbravar com relação a espaços coworking, na verdade, diria que o Brasil em si precisa investir nesses aspectos. Porém, já vi vários lugares que oferecem essa possibilidade para as pessoas que trabalham no formato home office ou são nômades digitais como eu, o que é essencial para nós”. 

Experiência de quem vive

O nomadismo digital é um estilo de vida que agrega experiências multiculturais, conhecimento em línguas diferentes e um senso de liberdade e independência que apenas quem viveu é capaz de explicar. Letícia Trindade é jornalista, casada, empresária e especialista em marketing digital.

Letícia relata que sempre se interessou pela parte de publicidade e hoje possui sua própria agência de marketing digital. Sobre como ela mantém sua renda morando em outros países, ela afirma, “eu abri a minha agência de marketing digital e tenho uma cartela de clientes que atendo mensalmente. Alguns jovens aparecem de forma mais pontual e é através dessa renda que consigo ficar por aqui hoje.”

Ela e o marido adotaram a frequência de permaneceram um mês em cada país durante esse ano. Antes, eles moravam 4 meses em cada lugar, coletando experiências e momentos que a jornalista diz valer a pena. “Tomar um café numa das praças mais famosas e históricas do mundo não tem preço. Acredito que não importa o tamanho do investimento que você tenha que fazer, porque o retorno faz tudo valer a pena. A sua evolução é infinitamente maior do que o investimento financeiro que você faz”.

Como é e quais os desafios do nômade digital

Para Hellen, que já passou por cidades do Brasil, como Florianópolis e Rio de Janeiro, a experiência tem sido transformadora. “Ser nômade digital no Brasil tem me permitido morar a dois minutos do mar, conhecer pessoas que contribuíram com meu crescimento pessoal e sentir que estou aproveitando a vida ao máximo. Além disso, sinto que estou no controle das minhas escolhas, de fato”, complementa.

Na opinião e experiência da Hellen, o maior desafio é a gestão de tempo, no sentido de que o nômade digital precisa estar realmente comprometido com o seu trabalho. “Tem dias que queria passar o dia inteiro no mar e não trabalhar, e até faço isso às vezes. O nomadismo digital permite esse tipo de prazer. Mas cumprir com esses horários tem sido um constante desafio e aprendizado para mim”, afirma. 

A oportunidade de experimentar algo novo todos os dias e poder conciliar isso com trabalho e estudos é uma experiência transformadora. “Desde que comecei a ser nômade digital, estou experimentando um conceito diferente de ‘viver’, e reconheço que isso é extremamente profundo. O nomadismo digital elevou minha forma de viver e a está tornando extraordinária. Tem dias que eu acordo e penso, “é sério que estou vivendo tudo isso?”, finaliza. 

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