Educação digital em SP: educadores defendem os livros físicos

In Educação, Geral

Pesquisadores dizem que a leitura em papel ainda é a melhor alternativa para os estudantes

Ana Beatriz Toyota

A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo não irá mais usar material didático impresso oferecido pelo Ministério da Educação. O material pedagógico do Programa Nacional de Livros Didáticos (PNLD) será substituído pelo digital e afetará alunos do ensino fundamental e médio a partir de 2024. 

Discussões a respeito da mudança repentina no modelo de ensino surgiram não apenas pela extinção dos livros físicos, mas a respeito do conteúdo disponibilizado. O UOL divulgou erros no dia 31 de agosto. Entre eles, os materiais diziam que os livros digitais oferecidos pela Secretaria da Educação do estado afirmavam que havia praias na capital paulista e que a Lei Áurea foi assinada por Dom Pedro II. O governo do estado reconheceu os erros e disse que o material será revisado e retificado. 

Tecnologia e estudo

Após a pandemia, o meio digital adentrou o dia a dia de quem antes fazia tudo presencialmente. Aulas EAD (Ensino à Distância), trabalho home office e consultas online foram apenas o começo de uma revolução tecnológica que não deve acabar tão cedo.

A implementação do digital foi um meio para solucionar problemas antigos, como o uso do celular dentro da sala de aula. Ao invés de lutar com o problema, o governo do estado decidiu usá-lo em favor do ensino.

“A aula é uma grande TV, que passa os slides em PowerPoint, alunos com papel e caneta anotando e fazendo exercícios. O livro tradicional, ele sai”, disse o Secretário da Educação paulista, Renato Feder, em entrevista ao Estadão. A alternativa proposta mobilizou a opinião de diversos profissionais da educação que afirmam ser o livro físico ainda a melhor solução dentro das escolas. 

O psicólogo Felipe Lemos acredita que o ensino digital pode afetar tanto positivamente como negativamente os estudantes, uma vez que a tecnologia pode deixar o ensino mais prazeroso para a criança.

No entanto, ele acredita que essa realidade atinge principalmente os professores que não possuem preparo para lecionar através do digital e isso seria o maior problema. “A gente está falando de uma geração que nasceu imersa já dentro da tecnologia, então para ela é muito mais familiar esse tipo de acesso de conteúdo do que para outras gerações como a nossa. A gente não tem profissionais qualificados para lidarem com isso”, afirma o psicólogo. 

Dentro da sala de aula

A interação entre alunos e professores é essencial para um bom desenvolvimento do estudo. Docentes que ensinam através de livros físicos não possuem preparo para apresentar o material digital aos novos alunos.

A professora e tutora educacional Rosemeire Terezinha acredita que a entrada do ensino digital possa ser boa para as novas gerações que possuem melhor interação com a tecnologia. “Eu acho que o livro físico tem a sua importância, mas o livro digital, ele veio para ficar. E nós temos uma geração digital. Então eu acho que eles não sentem falta dos livros físicos, e sim a geração mais antiga vai sentir falta”, afirma.

As novas mudanças têm data prevista para começarem a partir do próximo ano. O material digital já foi apresentado ao público durante o mês de agosto desse ano. Foram encontrados diversos erros de informações dentro dos livros e a Secretaria de Educação do Estado afirmou que irá retificar o conteúdo.

Após a repercussão polêmica do assunto dentro do estado, o governador Tarcísio Freitas voltou atrás com sua decisão de impor material 100% digital nas escolas estaduais a partir do sexto ano até o ensino médio. O governador disse em agenda pública que irá disponibilizar material físico e digital, ficando a critério do aluno ou professor escolher. 

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