Ensino online durante a pandemia deixa marcas na educação

In Educação, Geral

Em 2019, pela primeira vez na história, o número de ingressantes no EaD superou o número de alunos que iniciaram a graduação presencial.

Vefiola Shaka

O mundo chegou a um ponto em que, na maior parte, podemos dizer que a vida continua normalmente. Apesar dessa aparente normalidade ainda existem questionamentos sobre como Covid-19 afetou a vida da população. Durante os 12 meses de uma pandemia fatal, o isolamento social fez com que 1,5 bilhões de estudantes em todo o mundo deixassem de estudar na escola. 

Nos últimos três anos, quase 147 milhões de crianças perderam mais da metade da escolaridade presencial. Voltando aos bancos escolares, a aprendizagem começou a perder importância e os alunos não se sentiram motivados o suficiente para continuar estudando.

Nesse contexto, surge a pergunta: a pandemia deixou marcas na educação atualmente?

Ensino online 

Com o começo da pandemia, as instituições de educação tiveram que se adaptar com as novas formas de ensino. Algumas conhecidas e outras não, tomaram a maior evidência. Ensino remoto, educação a distância, ensino virtual, aulas síncronas e assíncronas foram as melhores formas de aprendizagem durante o período emergencial de Covid.

Baseado em algumas pesquisas feitas pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) esse mundo online do ensino está dominando no Brasil. A comparação confirma a tendência de crescimento do ensino a distância ao longo do tempo.

Em 2019, pela primeira vez na história, o número de ingressantes no EaD superou o número de alunos que iniciaram a graduação presencial, no caso das instituições privadas, de acordo com INEP. Muitas das pessoas que optam por esta modalidade de ensino têm a única possibilidade de educação em decorrência de diversos fatos, mas para alguns outros é uma boa oportunidade para receber uma diploma sem precisar ir para escola.

Os desafios

Notório é o esforço dos professores e das escolas que tentaram se adaptar a esse novo método de ensino. A tecnologia, até então, era pouco usada nas aulas presenciais. Sendo assim, não só os alunos, mas também os professores precisaram lidar com essas novidades. “Aprender um novo sistema ao postar as aulas e receber atividades foram os maiores desafios. Adaptar-se a dar aulas em frente a um computador e não uma sala de aula com alunos, a interação é muito diferente” diz a professora de línguas, Renata da Silva Artero Souza.

Os educadores com uma formação tradicional precisaram se adaptar ao processo, pois eles não tiveram disciplinas voltadas para o uso de ferramentas digitais nas práticas pedagógicas. O aluno Cauã Looze diz que percebeu essa falta de informação no ensino médio, porém, houve um grande esforço da parte dos professores. Ele estudou em uma escola técnica pública, que tinha grandes desafios educacionais.

Uma pesquisa feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que metade dos alunos de 15 a 17 anos matriculados na rede pública de ensino não possuíam equipamentos ou acesso à internet para acompanhar as aulas remotas durante a pandemia. A educação a distância já era comum em faculdades ou escolas que oferecem cursos ou especializações online, mas para o ensino básico com certeza foi uma novidade.

Aumento da desatenção

Prestar atenção durante uma aula nos dias de hoje, seja online ou presencial, é algo cada vez mais difícil. Os palestrantes ou orientadores precisam competir continuamente contra as redes sociais ou outras plataformas de distribuição de conteúdo online.

”A maioria não participava das aulas; alguns só respondiam à chamada; não tinham preocupação em tirar dúvidas, já que as provas eram online e a maioria pesquisava as respostas. Nas aulas online tentava despertar a atenção fazendo perguntas e cobrando a participação ativa dos alunos, porém, nem sempre surtia resultados”, afirma a professora Renata. A falta de controle e a dispersão dos estudantes no ambiente de educação online pode ser prejudicial para o desempenho escolar dos alunos.

Alarmante também é a situação psicológica dos estudantes. Uma pesquisa realizada pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo em parceria com o Instituto Ayrton Senna revela que 70% dos estudantes do Ensino Fundamental entre o 5º e o 9º ano apresentam sintomas fortes de ansiedade. A partir desta situação é preciso juntar as forças e investir nos aspectos sociais das escolas. 

Como aumentar o engajamento dos alunos?

Mesmo com alguns desafios, a educação pode dar uma melhorada com novas estratégias. Ter um sistema de gestão educacional que possibilite a comunicação com os alunos além do espaço de sala online, possibilita o desenvolvimento de atividades.

A educadora de línguas Renata da Silva Artero Souza nos lembra que é muito importante que a escola ofereça um suporte como um sistema de retorno das atividades dos alunos. Eles têm que aproveitar esses recursos, respondendo às atividades, se dedicando e tirando as dúvidas com o professor.

Raquel Condor é uma aluna estrangeira que veio do Peru para estudar Jornalismo no Brasil e teve que participar da educação online por seis meses. “Acho que pra mim, manter a concentração na aula foi a coisa mais difícil de ter enfrentado nas aulas on-line, porque havia muita distração ao meu redor. Se você não prestar atenção, perderá muitas informações que podem ser muito úteis quando você quiser fazer as tarefas”, diz.

Nos momentos em que a Raquel enfrentou dificuldade de concentração ou organização, usou o método pomodoro de 25×5, como uma forma eficiente e muito simples de aprender.

O método Pomodoro de estudo contém 25 minutos de concentração, seguidos de 5 minutos de descanso. Com isso, é possível ter mais foco nos estudos e não se perder nas distrações. Ou seja, basta dividir as tarefas em intervalos curtos, enquanto faz pausas frequentes para relaxar. Igual essa técnica tem muitas outras como EPL2R, estudo mnemônico, uso de áudios que facilitam os estudos de diferentes maneiras.

A educação é um campo em constante transformação, influenciada pelas circunstâncias, e principalmente pelos alunos e professores. A pandemia trouxe vários desafios, mas isso mostrou a o poder de adaptação dos humanos. A aprendizagem online se tornou a melhor opção para milhões de estudantes e para alguns, a única opção. Neste novo cenário, a educação continuará tendo mudanças que com certeza deixarão marcas na nova geração.

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