Entrevista com a professora Ângela Rodrigues de Almeida em comemoração ao Dia do Professor.
Lana Bianchessi
Lecionar exige muito preparo e dedicação, uma vez que o professor é o profissional responsável por desenvolver todos os outros futuros profissionais. A professora Ângela Rodrigues de Almeida é um exemplo desse empenho profissional. Com 43 anos de idade e 20 de sala de aula, é formada em Ciências Sociais com especialização em Sociologia, Psicologia Institucional e Psicologia da Educação.
Em comemoração ao Dia do Professor, nós da ABJ Notícias buscamos homenagear e incentivar a profissão por meio da história de Ângela Rodrigues de Almeida.
ABJ: Por que você decidiu ser professora?
Ângela: Na verdade eu nem sabia que um dia eu seria professora, mas eu me descobri no curso de Ciências Sociais. No último período da graduação, comecei a fazer estágio na sala de aula e realmente descobri que queria ser professora lá. Tirei nota máxima no estágio, fui elogiada pelo meu professor e pela escola. Percebi que era aquilo que eu queria, me encontrei naquele curso e naquele estágio e eu sabia que eu poderia mudar a vida das pessoas por meio do meu legado que é a educação.
ABJ: Você tem alguma história marcante envolvendo a profissão?
Ângela: Já passei por muitas histórias marcantes envolvendo a minha profissão e o que mais me comove é quando eu encontro meus ex-alunos, que hoje são colegas de profissão. É muito satisfatório quando eles me agradecem pela inspiração, pela motivação para seguir essa carreira e quando eles têm a mesma paixão pela carreira que eu. Isso é muito gratificante e me emociona bastante, porque o maior sonho do professor é ver o seu aluno tendo uma profissão e conquistando na vida. No momento que a gente se depara com esses alunos e percebe que eles obtiveram êxito na vida e conquistaram seus objetivos, sonhos e vê-los formar pessoas assim como eu os formei.
ABJ: Qual sua opinião sobre o futuro da educação do Brasil?
Ângela: Todo professor sonha com uma educação melhor e de boa qualidade. Se dependesse somente da nossa vontade e doação enquanto professor, todos os dias transformando os seres humanos em pessoas melhores e contribuindo de todas as formas para o crescimento pessoal e profissional dos nossos alunos, acredito que a educação seria mais significativa. Mas infelizmente, a educação não depende só de nós, mas depende de uma política pública, de investimento e dos nossos governantes. Com esse governo atual, a educação não tem sido a melhor, porque falta investimento, valorização do professor e com a pandemia, as coisas só pioraram. Nós torcemos para que, futuramente, a nossa educação seja transformadora, motivadora e bem melhor do que ela é hoje.
ABJ: O que você acha que é o maior problema na educação do Brasil?
Ângela: A falta de valorização do professor. Somos os profissionais que mais se dedicam e empenham. Na escola, em casa, a todo momento estamos trabalhando e não somos tão valorizados enquanto profissionais ao se comparar com outras profissões. E também a falta de prioridade dos governantes com relação à educação. Infelizmente, os candidatos apenas usam a educação como discurso de campanha e quando chegam realmente ao poder, a primeira coisa que fazem é cortar os gastos da educação e dar prioridades para outras coisas, enquanto deveriam investir mais na valorização e capacitação dos professores. A educação transforma, liberta e muda a sociedade, se os governantes pensassem dessa forma, haveria menos problemas sociais, a população carcerária seria pequena e se investissem na escola talvez não haveria tanto gasto na segurança. Nós teríamos uma sociedade muito melhor.
ABJ: Houve algum momento gratificante sendo professora?
Ângela: Tive vários momentos marcantes enquanto professora. Já tive e tenho alunos da inclusão, alunos com necessidades educacionais especiais em sala de aula. Uma aluna que foi muito marcante para mim é deficiente visual, eu acho ela um exemplo de determinação porque apesar da escola, na época, não ter o aparato e preparação para recebê-la e mesmo com toda a sua limitação, ela ia todos os dias nas aulas. Ela aprendia da forma dela, apenas ouvindo e contando com o auxílio de nós, professores, que líamos as provas e ela respondia em voz alta, porque a escola não tinha como adaptar a prova para o braille. Apesar de toda essa dificuldade e limitação, essa aluna terminou o ensino médio, fez pedagogia e hoje é professora de inclusão. Então isso é muito recompensador, saber que eu a incentivei a estudar e seguir adiante dizendo que a deficiência visual não era problema algum para que ela pudesse seguir com os estudos. O que nos impede hoje de alcançar nossos sonhos somos nós mesmos, as pessoas que criam os seus próprios obstáculos e quando a gente quer, a gente consegue. Ela me mostrou que isso é possível e nenhuma limitação existe se há força de vontade. É gratificante hoje eu vê-la como profissional, não tem como não se emocionar ao ver a garra e o exemplo que ela é para todos nós. E ainda mais emocionante é encontrar alunos que tiveram dificuldade, mas não desistiram e conquistaram suas metas.
ABJ: Quais são seus planos para o futuro? O que ainda falta para ser realizado?
Ângela: Eu posso dizer que sou uma pessoa realizada, tenho minha família, minha casa, o meu trabalho, e meus planos para o futuro são poder me aposentar com saúde e desfrutar da minha aposentadoria, descansar e desfrutar desse momento com a minha família, poder viajar e me dedicar mais ao meu esposo e à minha filha.