Profissionais afirmam que além de prejudicar fisicamente e psicologicamente, os testes realizados são insuficientes para produzirem substâncias de uso humano.
Laura Rezzuto
Segundo o jornal Vegazeta, mais de 115 milhões de animais são usados anualmente como cobaias em laboratórios experimentais que estudam para a produção de cosméticos e remédios. Porém, o jornal ainda diz que o número dado anteriormente, pode não estar nem perto do total de animais submetidos a essa situação todo ano, já que nem todos os países fazem coletas de dados ou publicam as pesquisas realizadas.
O isolamento social, a falta de alimentação, a grave desidratação e a abstenção de sono que normalmente duram o tempo em que o animal está sendo mantido no laboratório tem sido uma realidade cada vez maior. Além da testagem de substâncias, na maioria das vezes nocivas, as pesquisas que buscam avaliar as práticas e o treinamento animal incluem a abertura de crânio com eles ainda conscientes e o implante de eletrodos no cérebro.
Segundo o médico veterinário José Wilton Pinheiro, institutos de pesquisa ao redor do mundo já investem e possuem procedimentos mais tecnológicos que possibilitam poupar os animais. “Aqui no nosso país, infelizmente nos encontramos em uma contramão do crescimento da pesquisa, já que ao invés de lutarmos contra a participação de animais como cobaias, estamos buscando produzir mais e mais ratos, ovelhas e outros animais geneticamente modificados, como se fossem um tipo de produto”, critica.
Sofrimento físico e psicológico
Centros de atendimento ao animal e profissionais da área que contrariam as iniciativas prejudiciais, esclarecem que a situação é superior ao sofrimento físico e psicológico que a ciência vem submetendo os animais, visto que os testes também consomem muito capital. Os experimentos também acabam sendo reprovados por fornecerem uma informação insuficiente e muito rasa de como os produtos, remédios e vacinas reagiriam ao corpo humano, já que são testados em seres com uma anatomia totalmente diferente da nossa.
Para a ambientalista Karen Da Costa, os testes em animais são desnecessários, pouco confiáveis e prejudiciais. “Algumas das nossas salvações têm sido o saneamento, a nossa higiene e alimentação. É absurdo pensar que nesse momento, milhares de laboratórios estão injetando o vírus do HIV e da varíola dos macacos em bois, por exemplo, para conseguirem a cura para ‘a gente’. Isso é agoniante, sabendo que existem outros meios que a nossa ciência se recusa a recorrer”, comentou.
“Os tratamentos para doenças humanas não precisam de animais”
Em julho de 2018, pesquisadores do Centro de Alternativas aos Testes em Animais, da Universidade John Hopkins, em Maryland, nos Estados Unidos, tiveram um artigo publicado no jornal Toxicological Sciences no qual defendem a causa dos animais, contrariam o uso deles como cobaias e esclarecem o sistema de mapeamento que criaram. O Projeto claramente foi apoiado por diversas universidades e instituições no mundo todo, já que supera os resultados obtidos através de animais.
Por meio deste projeto, eles buscavam esclarecer, que as chances de mapear instantaneamente as propriedades tóxicas de qualquer substância química eram altíssimas, muito mais que com os testes em animais. Os pesquisadores obtiveram sucesso com 87% de aprovação nas pesquisas que realizaram através da iniciativa laboratorial. Esse resultado é maior do que séculos de testes em animais.
“Já foi-se o tempo em que precisávamos machucar os animais, seres vivos, para podermos viver. Isso não é justo e muito menos necessário. Devíamos fazer ao menos o necessário para evitar o consumo de indústrias que não buscam outra solução além da exploração dos animais, mas infelizmente, na maioria das vezes, essa informação é escondida da gente”, finaliza a ambientalista Karen.