O aumento da taxa de inflação, indicado pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), causa alterações nas finanças da família brasileira.
Rebeca Pedromillo
Dona Lourdes Camargo, de 52 anos, moradora no município de Artur Nogueira (SP), foi ao mercado como de costume, mas, novamente, não comprou todos os produtos que estavam na sua lista, porque nem tudo cabia no bolso. “A carne, tive que diminuir. Comprei bem menos. E o tomate, também deu uma subida”. Ela afirma que, quando não pode comprar carne, faz algumas substituições: “No dia que não tem carne, a gente come um ovo, uma batatinha, uma salada com arroz e feijão”, expõe dona Lourdes, sobre a situação.
De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), houve uma alteração na previsão para o aumento da inflação para o mês de setembro, de 0,77% para 1,03%, conforme os dados divulgados pelo Banco Central. Já em agosto, a inflação sofreu um aumento. Segundo o IBGE, no mês passado, o IPCA acelerou para 9,68% no acumulado em 12 meses, o que levou as casas brasileiras a passar por uma reavaliação no gasto com alimentação.
Como exemplo disso, a dona de casa, Joelma Portugal, de 52 anos, que mora na Zona Norte de São Paulo, revela que a sua situação não é muito diferente da história da Dona Lourdes. Sobre o consumo de carne, dona Joelma declara. “Sim, a quantidade diária diminuiu, mas não deixamos de consumir totalmente”, esclarece, em relação ao consumo de carne. Apesar de ainda ter o hábito na rotina, faz tortas de legumes ou berinjela, como solução para substituir o alimento, quando necessário.
Atualmente, não só a carne, mas o milho, o açúcar, o trigo, entre outros alimentos, também sofreram com a influência do dólar. Segundo o economista, Sérgio Faria, alguns fatores internos contribuíram para o aumento da inflação. Entre eles, a crise hídrica, a variação do preço do petróleo e a instabilidade política. “Como fatores externos cito também a variação do preço do petróleo, cuja política de preços acompanha o mercado internacional, e a alta do dólar que torna a venda dos nossos produtos mais atrativos no exterior, elevando, assim, os preços”.
Sérgio explica também que, com o impacto do coronavírus, a busca por alimentos aumentou muito, já que as pessoas começaram a passar muito tempo em casa. Porém, como não havia um amplo planejamento prévio e a produção não conseguiria aumentar a proporção de uma hora pra outra, os alimentos ficaram escassos “porque a procura é desproporcional à oferta dos produtos”. Isso faz com que os produtos aumentem os preços, o que gera inflação, conclui o especialista.