O aprendizado autodidata como ferramenta para aprimorar a educação convencional.
Sâmilla Oliveira
Uma pesquisa da Pearson em parceria com a Harris Insights & Analytics mostrou que as pessoas estão assumindo o controle do seu aprendizado. Elas estão cada vez mais aderindo a chamada educação self-service. Esse é o método de aprendizagem em que o indivíduo “complementa” a educação formal através de cursos online e da mentalidade “faça você mesmo”.
Na pesquisa, que ouviu cerca de 11 mil pessoas ao redor do mundo, 67% dos brasileiros disseram que os sistemas educacionais estão falhando com a geração atual. Além do Brasil, essa percepção também é forte nos Estados Unidos, na Europa, na África do Sul e na América Hispânica.
Para a pedagoga Maria Pacheco a educação self-service faz com que o aluno não se limite à educação convencional e possa reforçar ou esclarecer o aprendizado em diferentes plataformas de compartilhamento. “Essa forma de aprendizado beneficia alunos com níveis diferentes, uma vez que estes podem lançar mão de outras formas de aprender diante do leque de oportunidades que existe na internet na hora e lugar que quiserem”, afirma.
Segundo Maria, até mesmo estando vinculado a alguma instituição de ensino é possível aderir a essa forma de educação. “O professor da escola tradicional pode usar o método “faça você mesmo” para despertar no aluno a autodidática e aprendizado desalienado para construir sua autonomia”, ressalta a professora.
Aprendendo sozinho?
Para Marcelo Prates, estudar por conta própria não é aprender sozinho. Afinal, as ferramentas online são uma forma de aprender de forma dinâmica com o auxílio de diversos materiais. A diferença é que o aluno não está presencialmente em uma sala de aula. “Gosto de aprender por conta própria porque posso avançar no meu próprio ritmo”, explica.
Marcelo conta que gosta de estudar idiomas através de plataformas como o Duolingo, Spotify (aulas em formato de podcasts) e até Netflix. “Coloco séries no idioma que desejo aprender, e anoto palavras e frases novas no meu caderno”, relata.
Outra dica é usar blogs e plataformas de cursos como Udemy, Coursera e FIAP. Marcelo defende que essas são opções interessantes, já que oferecem a possibilidade de adquirir habilidades relevantes em períodos de tempo mais curtos, além dos certificados, que agregam de forma positiva ao currículo.
O conceito de educação self-service
Para a pedagoga Thaís Castilho, a educação é mais ampla que este conceito e permeia uma vida toda. “A educação se faz com os pais em casa, com os professores na escola e com a sociedade”, afirma. Segundo ela, a educação se faz de várias formas e não pode ser resumida na forma self-service de aprender.
É claro que a necessidade de interações sociais presenciais não deve ser descartada em detrimento desta forma de aprendizagem. A professora Thais ressalta a importância dessas relações quando o aluno ainda tem pouca idade, já que os seus padrões de comportamento, linguagem e caráter ainda estão em desenvolvimento.
Mas quando não estamos tratando de menores de idade, o cenário muda. O aluno autodidata Marcelo destaca que o modelo de educação self-service busca reduzir a distância entre o mercado de trabalho e as instituições de ensino. Para ele, o modelo online é capaz de otimizar o tempo oferecendo flexibilidade. “Seja com um professor ou com o auxílio de vídeos, palestras e livros, o importante é nunca parar de buscar o crescimento acadêmico”, acredita Marcelo.
Na era da conectividade, a pedagoga Maria reflete sobre como a acessibilidade permite que qualquer lugar se torne um espaço de aprendizado, se tornando um catalisador para reacender o interesse de muitos desanimados com os estudos. “É um convite para voltar ao mundo do conhecimento de maneira conveniente”, finaliza.