As mudanças no jornalismo e suas adaptações

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Jornalismo

Com o avanço da tecnologia nos últimos anos, o cotidiano das pessoas e das profissões precisaram se adequar. Estas mudanças foram muito positivas para aqueles que a utilizam diariamente, como é o caso dos profissionais do jornalismo. Desde o fim do século XX a profissão passa por várias transformações, como a utilização de novas ferramentas para levar as notícias e o acesso à informação por meios digitais. 

A rotina laboral também tem sido simplificada graças aos avanços tecnológicos, e cada vez mais é possível se usufruir e se beneficiar deles para facilitar os processos da profissão. Em entrevista para a ABJ Notícias, o repórter cinematográfico da Record TV, Eliezer Pereira do Prado, explica como tem sido vivenciar essas transformações e defende a sua visão sobre o assunto. 

Monise Almeida: Quais foram as principais mudanças que notou no trabalho jornalístico ao longo dos anos?

Eliezer Pereira do Prado: As mudanças nesse ramo são constantes, porém as inovações tecnológicas com certeza foram uma grande mudança na área do jornalismo. Outra mudança bem aparente eu diria que são as sócio econômicas, pois elas têm provocado alterações nos processos de produção e apresentação da notícia.

MA: Qual a maior contribuição da tecnologia para o jornalismo?

EP: O acesso à informação sem dúvidas! Através das diversas plataformas digitais a proximidade dos veículos de comunicação com seu público tem sido muito forte. O público pode ter esse acesso mais rápido e fácil, a qualquer momento e a qualquer hora apenas com um clique. Quanto mais as pessoas estiverem informadas, melhor, e foi isso que a tecnologia trouxe, contribuiu muito para esse processo de transmissão da notícia.   

MA: Em sua opinião, com o avanço da tecnologia, quais foram as vantagens e as desvantagens para a profissão? 

EP: Uma das vantagens é o rápido acesso à informação ou como ela se propaga, a criação de profissionais híbridos dando mais oportunidades de trabalho, a criação de conteúdos independentes, diversificados e personalizados para um público alvo, entre outras muitas coisas que seriam difíceis de enumerar.

Uma das desvantagens é que cada vez mais as redações estão enxugando seu quadro de colaboradores, dificultando assim a empregabilidade. Outra desvantagem são as fake news que se propagam rapidamente, devido às tecnologias e acesso a conteúdos com objetivos diferentes do informativo. 

MA: A pandemia do COVID 19 trouxe mudanças para o trabalho do jornalismo? Quais foram elas?

EP: Com certeza, por mais triste e terrível que ela tenha sido, também nos trouxe novos aprendizados. As plataformas digitais estão sendo mais usadas, o processo de pautas, apuração e entrevistas acelerou e facilitou o trabalho do jornalismo. Foi descoberto novas formas de fazer coisas diferentes do mesmo. As mudanças tecnológicas que poderiam levar ainda alguns anos para acontecer, foram estabelecidas em meses.  Principalmente as emissoras que na minha opinião já precisaram reinventar a maneira como são feitas as entrevistas.

MA: Hoje, você acredita que a internet substituiu a televisão como principal meio de obter notícias e informações?

EP: Acredito que ainda não substituiu, embora as emissoras já tenham focado muito em suas plataformas digitais para acompanhar o seus telespectadores e essa nova era digital.

MA: O jornalismo de opinião tem crescido nos últimos anos. A que se deve esse fato?

EP: Cada vez mais os veículos de comunicação vêm dando espaço para os jornalistas. Acredito que algo que contribuiu muito para que isso acontecesse foi a criação dos conteúdos independentes.

MA: O que as mudanças no mercado de jornalismo têm para nos dizer sobre o futuro da comunicação?

EP: Sempre precisamos aprender e nos atualizar. Estar dispostos a enfrentar novos desafios e oportunidades. Aprender a lidar com a velocidade com que a informação se propaga. Aprender a filtrar, saber principalmente distinguir e denunciar as famosas fake News e acreditar não importa o que aconteça no poder e importância do jornalismo para a sociedade.

MA: Na sua opinião, com essa era das redes sociais, para onde está indo a relação das pessoas com a informação?

EP: Infelizmente estamos formando “PhDs em Facebook, Instagram, Whatsapp” e não em pessoas preocupadas com a verdade. Eles priorizam as curtidas, visualizações e engajamento ao invés do compromisso com o fato. A relação das pessoas está sendo prejudicada e fragilizada, trazendo outras visões que elas mesmo querem ver. São problemas que nós teremos que aprender a lidar. Claro que grandes redações continuam tendo sua credibilidade e isso precisa ficar cada vez mais claro e transparente para a população.

MA: De acordo com levantamento da Agência Volt, desde 2012, mais de sete mil profissionais foram demitidos em empresas de mídia. Destes, mais de dois mil eram jornalistas. O que você acha que um jornalista precisa ter hoje para se adaptar a esse novo mercado?

EP: Cada vez mais as empresas querem os profissionais híbridos. Hoje é fundamental que o Jornalista saiba um pouco de tudo. Os repórteres precisam aprender a se adaptar, saem sozinhos apenas com celular, tripé e os mesmos têm que se preocupar em apurar, escrever, enquadrar, ligar a luz, microfones, etc. As emissoras impõem cada vez mais esse estilo de “faz tudo”, quanto mais você souber, mais estiver disposto a aprender e ser resiliente, mais apto estará.

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